Sem efetivo policial suficiente, a zona rural fica desprotegida

Sidney Navas

Policiais militares ambientais localizaram mais um trator que tinha sido furtado do interior de um sítio

No começo da semana, policiais militares ambientais encontraram um trator abandonado na estrada que liga Rio Claro a Corumbataí, que tinha sido furtado do interior de uma propriedade rural em São Pedro. As vítimas contaram que os ladrões também levaram outra máquina que não tinha sido localizada pelo menos até a conclusão dessa reportagem. O trator recuperado estava no meio do matagal coberto com folhas, o que indica que os marginais voltariam lá para levar a máquina para outro local, mas nesse caso a polícia chegou primeiro.

O presidente do Sindicato Rural de Rio Claro, Ricardo Schmidt, comenta que infelizmente os produtores rurais estão abandonados à própria sorte, já que no seu entendimento não existe um número suficientes de viaturas para atender tamanha extensão territorial. “É uma pena, mas enquanto não tivermos ao menos mais quatro viaturas e 16 policiais trabalhando apenas na zona rural, a violência no campo vai continuar”, argumenta.

Ele lembra que vários encontros entre representantes da prefeitura municipal com o 37º Batalhão da Polícia Militar no Interior (BPMI) foram realizados, entretanto sem nenhuma ação eficaz. “Não adianta discutirmos planos e estratégias. É preciso um número maior de policiais e viaturas para patrulhar a zona rural. Isto é fato”, pontua.

O presidente da entidade destaca que uma das saídas encontradas seria a contratação de vigilantes particulares, mas que nem todos os produtores rurais têm condições de arcar com mais esse custo. “Além dos impostos que são pesados, não há como gastar mais dinheiro com segurança particular. A segurança é uma obrigação de nossas autoridades”, explica.

Ele mesmo num passado não muito distante já foi vítima dos quadrilheiros que agem em nossa região. O bando invadiu sua propriedade levando na época várias cabeças de gado, trator e demais equipamentos e, como se não bastasse à violência do assalto propriamente dito, os criminosos fizeram seu pai como refém. “É uma sensação de impotência absoluta. Estamos de mãos atadas e os marginais parecem ter percebido a fragilidade no policiamento na zona rural”, completa.

Para minimizar a situação, Schmidt ressalta que os produtores rurais trocam entre si os números de seus telefones celulares. “Assim quando alguém percebe a presença de pessoas estranhas por perto, a gente troca informações e também chama a polícia, mas isso nem sempre parece ser o bastante”, finaliza.

O secretário de Segurança Pública, José Sepúlveda, assegura que a Corporação realiza rondas na zona rural como, por exemplo, nos distritos de Assistência, Ajapi e Batovi. “É claro que com o número de efetivo atual não temos a menor condição de patrulhar uma zona rural tão grande como a nossa”, enfatiza. Ainda segundo ele por enquanto não há previsão de aumentar esse efetivo e muito menos adquirir mais viaturas. A seção de assuntos civis do 37º BPMI garante que ‘utiliza critérios técnicos baseados em indicadores criminais e índices populacionais para definir a frota de viaturas e quantidade de policiais militares por todo Estado de SP, sendo que em Rio Claro estamos dentro dos parâmetros estabelecidos’, afirma a nota oficial enviada à Redação do JC.

O 37º BPMI explica que além das viaturas de Radiopatrulhamento que atendem diuturnamente a população por meio do sistema 190, dispõe ainda de outros programas de policiamento entre eles o programa de Policiamento Rural, o qual é direcionado para o policiamento ostensivo e preventivo nas áreas rurais abrangidas pelo Batalhão.

Segundo a Base de dados INFOCRIM, no município de Rio Claro, houve uma redução de quase 30% nos índicadores criminais de furtos e roubos na área rural quando comparados os anos de 2013 e 2014, nos períodos de 01 de janeiro a 31 de outubro.

Em tempos passados a PM local afirma que realizava reuniões com a comunidade rural, por meio do Conseg Rural, todavia devido a baixa participação desse público, tal demanda foi integrada as reuniões ordinárias dos Conseg de cada região. A área do 37º BPM/I abrange os seguintes municípios: Rio Claro, Ipeúna, Santa Gertrudes, Corumbataí, Itirapina, Analândia, Brotas e Torrinha.

Redação JC: