Antonio Archangelo
O Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira, Rio Claro e Região confirmou na terça-feira, 10 de fevereiro, que cerca de 4.200 trabalhadores rio-clarenses serão afetados por férias coletivas no período do Carnaval.
De acordo com o diretor colegiado do sindicato, José Carlos Pinto, a Whirlpool anunciou as férias que afetaram quatro mil funcionários do dia 9 de fevereiro ao dia 23. A DNP Estamparia também adotará o mecanismo entre os dias 16 de fevereiro e 17 de março e afetará cerca de 200 trabalhadores a uma das linhas de produção da empresa.
Pinto citou que a rotatividade é alta nas indústrias da linha branca e um dos motivos é relacionado a questão salarial. “Já que a maioria recebe o piso da categoria proporcionalizado em decorrência de uma jornada de trabalho menor, de 36 horas semanais”, disse. “Estamos preocupados com a situação das férias coletivas em Rio Claro. Em relação ao setor de auto-peças, e decisão está atrelada a movimentação das montadoras que estiveram em São Paulo reunidas para debaterem sobre a possível adoção de uma lei, criada na Alemanha, denominada de Proteção ao Emprego e isso significará redução dos salários dos trabalhadores, além disso, o Estado pagaria parte dos rendimentos, além de banco de horas e layoff”, citou à reportagem do Jornal Cidade.
“Somos contra a medida, pois a iniciativa privada tem que bancar os salários dos trabalhadores, não o Estado. É bom que se frise já tivemos a instituição do Programa de Demissão Voluntária (PDV) na Volks do ABC para 2100 trabalhadores, resultando na demissão de 800, que foram readmitidos após pressão, mas mantido o PDV. A cada desemprego numa montadora, significa cinco na indústria de autopeças”, mencionou.
Em nota , a Whirlpool reafirma que ‘concedeu férias coletivas aos funcionários das linhas de operação das Manufaturas, no período de 9 a 23 de fevereiro, e das áreas administrativas, de 11 a 23 de fevereiro, nas unidades de Rio Claro (SP), Joinville (SC) e São Paulo (SP). A medida foi adotada para equilibrar o volume de produtos em estoque à demanda de mercado. Os departamentos de Vendas, Faturamento, Atendimento ao Consumidor e Logística permanecem operando com equipe reduzida durante o período de férias coletivas’.
Já a DNP Estamparia, confirmou as férias coletivas, mas também não falou em números de trabalhadores afetados pela medida.
BRASCABOS
O sindicato negou demissões na Brascabos e pontuou que a saída de trabalhadores faz parte da alta rotatividade da indústria. “Ontem, realizaram protesto após a morte de um trabalhadora. Ela teve AVC e teria sido vítima de assédio moral. Infelizmente isso, ainda, é muito comum no país”, citou Pinto ao mencionar a suposta greve realizada pelos trabalhadores durante os turnos da terça-feira, 10 de fevereiro.
O Jornal Cidade entrou com contato com a indústria e transcreve a nota da empresa:
“É com muito pesar que uma de nossas colaboradoras, pertencente ao nosso quadro há 52 dias, veio a óbito no sábado passado após sentir-se mal. A mesma, às 8:57 da manhã do referido sábado 07/02/2015, durante seu horário de lanche, sentiu-se mal e, prontamente, foi levada à enfermaria por pessoas de nossa brigada (socorristas treinados pelo nossa competente Corporação de Corpo de Bombeiros de Rio Claro). Poucos minutos depois, menos de 3 minutos, já em nosso ambulatório, a mesma foi atendida pela nossa enfermeira que constatou estar esta com pressão muito alta (24×12), com relato de dormência nas pernas. Diante deste quadro, todos os procedimentos foram tomados para que a mesma fosse encaminhada ao Pronto Atendimento, às 9h12m, ou seja, em menos de 15 minutos de quando a mesma apresentou os primeiros sintomas. Infelizmente, mesmo sendo também atendida pela Santa Casa de Misericórdia de Rio Claro, instituição extremamente respeita e confiável, devido ao gravíssimo quadro de AVC hemorrágico, a mesma veio à óbito às 21:35hs.
A Brascabos, diante deste triste acontecimento, colocou todos seus recursos para atender à nossa colaboradora, desde recursos humanos até financeiros. Lamentamos também que, mesmo em horas de profundo pesar como este, pessoas e entidades estão indo à público caluniar a Brascabos inclusive alegado assédio moral, o que nunca ocorreu nesta empresa. Assim, preferimos neste momento nos abstrair das discórdias desrespeitosas direcionadas à empresa e à não consideração à dor dos entes queridos desta nossa colaboradora, e elevarmos nossos pensamentos em orações para que nosso Pai, Deus todo poderoso, acolha a Alessandra em seus braços e, com Suas mãos, acalme o coração daqueles que ficam e por ela, verdadeiramente, sofrem”.