No dia 20 de maio de 1994 um choque entre um ônibus e um caminhão matou 19 pessoas, sendo 16 estudantes, dois motoristas e um ajudante. Uma das maiores tragédias ocorridas em Rio Claro foi registrada na Rodovia Fausto Santomauro (SP-127), que liga o município a cidade de Piracicaba.
Como aconteceu
O ônibus transportava estudantes de Rio Claro para a Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba). A colisão, ocorrida no Km 5,4 da rodovia, causou comoção em toda a cidade e repercutiu nacionalmente. Manifestações e protestos foram realizados em Rio Claro e no local do acidente, pedindo a duplicação da via, que na época era de pista única.
Luto e marcas para toda a vida
Sobrevivente, a psicóloga e hoje professora do Senac Andrea Bernardes Rampin de Almeida, 48 anos, afirma que é impossível esquecer o difícil golpe em uma das fases mais esperançosas que ela e outros alunos viviam: a faculdade. “Dizer que eu lembro de algo do momento do acidente, estaria mentindo. Eu tive um lapso de memória. Fui socorrida e levada para um hospital e somente no dia seguinte, pelos jornais, eu fui ter uma dimensão do que tinha acontecido, de que eu era uma sobrevivente diante de uma tragédia. Eu tive um afundamento ósseo na face e uma contusão na coluna que me ocasionou um formigamento e uma dormência do lado esquerdo do corpo que eu não podia andar. Com isso eu tive um encurtamento do tendão de Aquiles onde eu fiquei cerca de dois meses bem debilitada. Naquele semestre eu não retornei para a faculdade. Eu não tinha condições físicas nem emocionais, relembra Andrea.
Ela conta que tinha por hábito se sentar sempre no mesmo assento do ônibus mas naquele dia atendeu ao pedido de um outro companheiro de viagem: esse aluno veio a falecer no acidente: “Eu costumava sentar no penúltimo banco, do lado do corredor. Daí teve um amigo que chegou e estava começando a pós naquele dia. Ele me perguntou se eu iria conversar ou dormir e eu disse que iria dormir no trajeto. Então ele me pediu para se sentar no meu lugar para ele ir conversando com outras pessoas e eu me mudei para o assento da janela. No impacto, ele não resistiu”.
Estudante de jornalismo na época, João Carlos Picolin se lembra da perda de amigos e colegas na tragédia. Picolin participou das mobilizações realizadas após o sepultamento dos jovens: “A cidade não pode esquecer a sua história. Hoje nós temos a pista duplicada em razão dessas mortes. Não existe reparo para isso. Então eu acho que é preciso lembrar sim e a memória dessas vítimas precisa permanecer viva na cidade porque são pessoas importantes”.