É em um bairro da região central de Rio Claro que o Showcar estaciona para conhecer o que, de fora, parece uma casa comum, como outra qualquer. No entanto, ao entrar, o JC se surpreendeu com a cena, que em nada lembra uma residência. Parece mais o cenário para um filme das telonas.
O local funciona como um túnel do tempo, como se estivéssemos em um posto de gasolina do início do século 20. Ainda reproduz uma lanchonete antiga com muitos carros de época e, ao fundo, um armazém, onde se encontra uma infinidade de objetos antigos.
Por aqui é possível encontrar 16 relíquias como a Packard, de 1926, Ford Roadster, de 1929, Chevrolet Belair, de 1954, VW Fusca de 1967, Ford Aero Willys, de 1968, Buggy Giant, de 1972, Honda CBX 750, de 1975, Caminhão Mamute, de 1976, Chevrolet Corvette, de 1977, Ford Galaxie LTD, de 1978, Bianco S, de 1978, Miura MTS Sport, de 1980, Gurgel X15 também de 1980, Chevrolet D10 de 1983, e Chevrolet Suburban de 1996.
No dia da gravação, esperavam ansiosamente a reportagem os três homens da tradicional família de Rio Claro, a Oraggio: o mecânico Luis Braz Oraggio, de 78 Anos, o seu filho, o gerente de contabilidade Luciano Francisco Oraggio, de 52 e o filho dele, o estudante Henry Pinhatt Oraggio, de 14 anos. O que todos têm em comum? A paixão pelo antigomobilismo.
“Desde muito pequenos, eu e meu irmão nos acostumamos a passar muito tempo trabalhando e ajudando meu pai a restaurar carros. Ele era funcionário da Volkswagen durante o dia e a noite sempre tinha um carro no quintal de casa para restaurar. Não sei se nós, crianças, ajudávamos de verdade ou atrapalhávamos. Mas o importante é que com isso meu pai nos ensinou princípios muito importantes como a importância do trabalho, dedicação e zelo pelas coisas”, falou Luciano.
O gerente de contabilidade disse que seu pai é um mestre e que é um orgulho vê-lo trabalhando até hoje com todo o amor e dedicação. E, que ao todo, são mais de 50 anos dedicados aos carros, à mecânica e a restaurações.
“É um conhecimento e bagagem extraordinários que tento aprender e preservar. Sem ele, teria sido impossível ter e cuidar dessa quantidade de carros, com esse nível de restauração, com tudo funcionando perfeitamente. O verdadeiro responsável pelo sucesso da coleção é ele”, conta.
Bugue uniu gerações
Após muita pesquisa e procura, Luciano comprou um raro bugue da marca Giants, fabricado em 1972. Além da mecânica, o fato de o carro ter um visual mais divertido foi o motivo para que o filho, ainda bem pequeno, pudesse ser atraído pelo modelo.
“Ele ficou encantado e cresceu nesse meio. Hoje com 14 anos, tem o prazer de fazer eles funcionarem dentro do galpão. Eu fico muito contente ao ver essas três gerações da família com o mesmo gosto pelas coisas”.
O Henry diz gostar muito de conhecer as histórias dos automóveis e de conhecer como funciona cada tipo de motor. “Escutar o ronco e entender os macetes de cada um é como entrar num mundo mágico. Temos aqui um caminhão do exército brasileiro de encher os olhos. Isso ninguém tem”, fala.
Surpresas no futuro
Luciano acredita ser importante compartilhar com as pessoas essas maravilhas, e mais ainda, colocá-las para rodar. “Os carros foram feitos para circular e não para ficarem parados, eles estragam e dão mais manutenção quando ficam parados do que andando”.
Disse que montar uma garagem decorada para ficar restrita a poucas pessoas não faz sentido, e que o bacana é compartilhar e usar a coleção, motivar novas pessoas a aderirem a cultura do carro antigo.
“Quem sabe usar o espaço da garagem para festas temáticas ou mesmo abrir para quem quiser conhecer e visitar. É de se pensar”, finaliza.
Por enquanto, a família não confirma nem descarta receber visitantes. O JC garante que se a decisão for por abrir o espaço ao público, voltará a divulgar, para que todos possam conhecê-lo.