Um Fusca tratado como membro da família

Carro pertencia a um tio do técnico em mecatrônica Giorgio Gatti, que pela paixão demonstrada pelo modelo, evitou que o veículo fosse vendido para estranhos, e o mantém com carinho até hoje

O técnico em mecatrônica Giorgio Gatti, de 38 anos, é o dono do ‘Fusca Viajeiro’, que já diz tudo. Ele juntou duas paixões: o Fusca e as viagens. O veículo Azul Caiçara, ano 1974 e motor 1300, possui bagageiros no teto e na tampa traseira, além de quatro malas charmosas – o que chama ainda mais atenção por onde passa.

Para esta gravação do ‘Meu Carro, Meu Xodó’ desta quinta-feira (31), o cenário escolhido foi a garagem de casa de Gatti, um verdadeiro showroom ou, para outros aficionados, um parque de diversões dedicado às suas paixões. É nesse espaço que fica o ‘Fusca Viajeiro’.

Original, o carro mais icônico da Volkswagen passou por simples mudanças, de acordo com o proprietário, como a instalação de lâmpadas de led no farol, a troca de lentes para a cor amarela e batentes nos para-choques. Também recebeu luz de neblina traseira e pestana  nos faróis.

“A ideia era mexer o menos possível para preservar a originalidade. Apenas fiz o básico do básico. Como grande saudosista, é preciso saber apreciar as coisas da época”, contou Gatti.

O rio-clarense disse ao JC que o Fusquinha era o xodó de seu tio, um porteiro com muitos anos de profissão. Na verdade, ainda é. Mas quando ele viu o carro, pela primeira vez, nunca mais conseguiu tirá-lo da cabeça. E, aos 14 anos de idade, conseguiu juntar dinheiro para comprar umas peças.

“Sem ninguém saber comprei peças, como lentes de lanterna e estribos. Ele [o tio] estava fazendo uma visita em casa. Aproveitei e troquei as peças e dei um banho. Quando ele viu o que eu fiz no xodó dele, quis me pagar pelo serviço, mas claro que não aceitei. Disse que fiz de coração, pois adorava o carro. Pedi que quando eu estivesse com a minha habilitação, se ele deixaria eu dar uma volta dirigindo. A resposta foi sim”, relembrou.

Passado algum tempo, o tio de Gatti disse que quando ele partisse para o plano espiritual o carro seria do sobrinho. Dando a entender que ele não poderia vender para ninguém. Anos se passaram e o tio continua vivo, porém, com uma idade mais avançada, impossibilitando de andar com o fusquinha azul.

Gatti contou que, em todos esses anos, o tio  sempre recebeu ofertas para a venda, por valores altíssimos, mas ele diz que nunca faria isso. Um certo dia, em visita a casa do tio, o sobrinho acabou tocando no assunto sobre o Fusca, pois se ficasse parado na garagem, ia acabar estragando com o tempo. Aí que uma resposta o deixou bem triste. Sua tia disse que o carro estava para ser vendido para um rapaz de outra cidade.

“O carro não podia sair da família”, disse ele à tia que, em conversa com o esposo, acertou um valor simbólico. O dinheiro serviria para pagar uma cirurgia, já que o tio estava muito doente, assim, a venda ‘em família’ aconteceu.

“Passamos o carro para o meu nome e, ao fazer a transferência, já optei por fazer a vistoria para a placa preta, de colecionador. Assim como meu tio, já recebi várias propostas para venda e, quando me perguntam o valor, digo que não vendo de jeito nenhum”, conta.

O rio-clarense contou que o amor pelos antigos veio do falecido pai, que foi funcionário da Volkswagen em São Bernardo do Campo, por mais de 20 anos. “Então, desde pequeno, ele me levava em encontros de carros e em  oficinas mecânicas. Creio que isso acabou me viciando em carros”.

 E hoje, na garagem de casa, outros modelos disputam espaço por lá e no seu coração, tais como: uma Kombi 1995, outro Fusca 1977, uma Brasília também de 1977 e um Caravan 1988. É ou não é um pequeno parque de diversões?

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Carla Hummel: