Um Puma GTE ‘Tubarão’ difícil de fisgar

Morador de Cordeirópolis quase perdeu negociação do carro por duas vezes, mas conta que manteve o foco para adquirir um dos mais cultuados modelos esportivos dos anos 1970

Um item de luxo que era sonho de muitos jovens da década de 1970: o Puma – sinônimo de esportividade e muito estilo – é o escolhido pela produção do ShowCar para a edição desta quinta-feira (6) do ‘Meu Carro, Meu Xodó’.

Localizado pelo Jornal Cidade em Cordeirópolis, esse modelo azul, ano 1975, na versão GTE, está há menos de dois anos com o gerente de frota Wellington Frugoli Possidonio.

O carro foi comprado por indicação de um amigo que, sabendo da paixão do cordeiropolense de 45 anos por antigos, fez uma manobra entre um negócio e outro, para que o amigo ficasse com o ‘Tubarão’, apelido do modelo dado por aficionados, por conta do design frontal, com uma proeminência que lembra o temido peixe. Apesar da ajuda do amigo para fazer negócio, nada foi tão simples assim, pois o carro estava em Brasília/DF.

“Só vi o carro por fotos e assumi a responsabilidade de manter o negócio mesmo sem conferir pessoalmente [o Puma]. Acertamos o valor e começamos a saga para enviar o carro do DF à Cordeirópolis. Quase desenvolvi um quadro de ansiedade, pois o antigo dono, na hora de entrar no veículo, meio que se arrependeu, tentando propor uma outra negociação. Tive que me manter firme para  não ter que tirar o brilho que já estava em meus olhos e também no da minha esposa, que havia se apaixonado modelo”, conta.

Após esse perrengue, o gerente de frota tinha outro desafio pela frente. Depois de uma espera de mais de seis meses, o carro foi enviado à Ribeirão Preto/SP, cidade onde mora o amigo que havia viabilizado a compra. E não é que quando ele e a esposa viram o carro também se apaixonaram?

“Tive que manter o foco para iniciar um novo processo de convencimento para que ele mantivesse a proposta. Na época, ele propôs até me pagar um lucro sugestivo para deixar o Puminha lá pelas bandas de Ribeirão, mas preferi abrir mão dessa grana e poder curtir esse esportivo de dois lugares com minha esposa, que divide esse amor comigo pelos carros comigo”, diz.

O modelo, que foi lançado em 1973 com o intuito de se diferenciar do VW SP2, tem carroceria com desenho suave e harmonioso. Na frente, o carro não tem  os famosos bigodes, dos modelos anteriores. Na lateral, os para-lamas têm forma arredondada. Já na traseira, uma inclinação mais acentuada chama atenção.

O carro de Possidonio foi 100% restaurado por um colecionador do Distrito Federal. Segundo ele, a parte mecânica foi totalmente refeita, mantendo o motor 1600 cc com dupla carburação, mas com um comando importado para dar um ‘up’ na performance.

“O câmbio é longo, mede 8×3, o que deixa o carro mais gostoso de andar na pista. As rodas aro 14 de época são genuinamente usadas na Puma, e casam muito bem com o desenho do carro. O interior se manteve com relógios e marcadores específicos da marca, deixando o painel com característica própria e única ao modelo”, comenta ele.

Ao JC, contou que a admiração pelo trabalho de restauro já feito não o permitiu fazer grandes mudanças, pois realmente foi pensado em tudo no processo. “Mas fiz questão de levar em um dos melhores centros de estética automotiva da região para dar aquele trato em toda a pintura, interior e também na parte mecânica”, fala.

Para finalizar, o cordeiropolense diz que a paixão por antigos veio do falecido pai, que viajou pelas estradas do Brasil como caminhoneiro. E, que agora, o filho, de 16 anos, também já dá sinais  de que a paixão está no sangue da família. 

“Ele [o falecido pai] era um contador de histórias nato. Fui crescendo e desenvolvendo a vontade de ter uma relíquia. Eu e minha esposa temos muita história juntos. Ela, assim como eu, sempre curtiu os antigos e não tinha como ser diferente com nosso filho, que acabou sendo mais um incentivador das aquisições”, finaliza.

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Carla Hummel: