Em janeiro de 2021, Jessica Daiane Pereira, 30 anos, precisou ser hospitalizada. Foram dois meses de tratamento contra uma doença rara chamada púrpura trombocitopênica trombótica (PTT). Os pontinhos avermelhados e hematomas que surgiram no seu corpo e que achava serem decorrentes de alergia e contusões, respectivamente, indicavam algo muito mais sério.

Na realidade, esses sinais eram pequenos coágulos que bloqueiam o fluxo sanguíneo para órgãos vitais, sendo que em 90% dos casos pode levar o paciente à morte. Entre altos e baixos, a jovem precisou retirar o baço e até fez uso de medicação quimioterápica. Além dos esforços da equipe médica, da sua força, coragem e das orações de amigos e familiares, uma corrente ainda maior foi fundamental para a sua recuperação.

Cerca de 800 pessoas solidárias e anônimas foram fundamentais no momento em que Jéssica mais precisou. “No período de internação, recebi 768 bolsas de hemocomponentes (hemácias, plaquetas, plasma e plasma isento de crioprecipitado) de diferentes doadores. Sem essas pessoas, eu não estaria aqui”, relembra.

Apesar de estar acostumada com a rotina hospitalar, já que é técnica em Enfermagem da UTI Adulto da Santa Casa de Rio Claro, Jessica confessa que sentiu receio diante da nova situação, principalmente por seu tipo sanguíneo. “Sempre tive medo de precisar de sangue por ser O-, que é mais difícil. No final, precisei e estou viva por causa de 768 doadores. Por isso é tão importante uma bolsa de sangue”, reforça.

A biomédica responsável pelo Banco de Sangue de Rio Claro, Ariani Maria Bregadioli, explica que o ato de doar é de extrema importância para salvar vidas em diferentes situações, seja, por exemplo, em casos de pacientes oncológicos, de traumas e àqueles que irão passar por procedimentos cirúrgicos.

O tipo sanguíneo O- (doador universal) é o mais solicitado nas unidades hospitalares, como é o da Jéssica, mas todos são importantes. Inclusive, uma única doação pode salvar até quatro vidas. “Isso acontece porque de uma doação total é possível fracionar a bolsa de sangue em quatro hemocomponentes, podendo, então, salvar até quadro vidas”, reforça Ariani.

Para ser doador no serviço é preciso ter entre 18 e 69 anos; bom estado de saúde; não ser portador de doenças sexualmente transmissíveis; não ter ingerido bebida alcoólica nas últimas 12 horas; se fumante, estar duas horas sem fumar. A profissional orienta, ainda, que é realizada triagem clínica junto ao candidato para avaliar o seu estado de saúde, para que a doação de sangue seja feita sem riscos.

No entanto, Ariani pontua algumas situações em que há restrições. “Pessoas que fizeram endoscopia ou colonoscopia precisam aguardar seis meses para doar sangue. Em casos de candidatos que fizeram tatuagem ou colocaram piercing, o período de espera é de 12 meses. Quem teve Covid-19 é necessário aguardar 30 dias e quem recebeu a vacina contra a doença, entre dois e sete dias, dependendo da farmacêutica”, completa.

Mesmo em meio à pandemia, é possível doar sangue de forma segura e tranquila. Hoje, o Banco de Sangue de Rio Claro trabalha com agendamento prévio pelo WhatsApp (19) 99288-9737 e segue os protocolos de segurança e higiene da Vigilância Sanitária. As doações podem ser feitas de segunda, quarta e sexta-feira, das 7h às 11h. O serviço funciona anexo à Santa Casa.

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