Em tempos de quarentena, como podemos aproveitar o momento de isolamento social de maneira inteligente?

Tempos inéditos é o que estamos vivendo agora. Apesar dos inúmeros filmes catastróficos que existem por aí, nada se compara com a dura realidade de um inimigo invisível. Não estamos sendo afetados por uma guerra mundial, nem por alienígenas que querem dominar a Terra, e sim por um inimigo microscópico altamente contagioso e letal.

Aqui no Brasil muito antes do coronavírus já havia dados da Organização Mundial de Saúde apontando que somos um país que tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo: 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) convivem com esse transtorno. Os dados também indicam que o transtorno acomete mais as mulheres: 7,7% delas são ansiosas, mais que o dobro dos homens (3,6%). E neste momento de isolamento social, tendo que ficar dentro de casa com a família ou até mesmo sozinho, é importante um cuidado mais intenso com a saúde mental.

Segundo a OMS, em casos de pandemia as reações são distintas, cada pessoa responde diferentemente a situações estressantes: a forma como cada um vai lidar com a pandemia pode depender das experiências anteriores com crises, a personalidade, a comunidade onde se vive, entre outros.Os idosos, pacientes crônicos, crianças, pessoas trabalhando na linha de frente como médicos e outros profissionais de saúde e pessoas em condições mentais preexistentes são as que podem responder de forma mais negativa ao estresse.

Esse estresse durante a pandemia pode incluir medo, mudanças no padrão do sono e na alimentação, dificuldades de concentração, piora de problemas de saúde crônicos e o aumento de uso de álcool, tabaco e outras drogas.

Segundo a psicóloga Maristela Ferreira Antonio, a ansiedade é normal, e na medida correta, pode ser benéfico, porque estimula a pessoa a entrar em ação ou a reagir diante de determinada situação. Mas quando a ansiedade é intensa, causa o efeito contrário, impedindo a pessoa de agir prejudicando muito a qualidade de vida.

E para este momento, a psicóloga explica que é importante filtrar a quantidade de informações recebidas, evitar ler qualquer matéria na internet, e sim procurar uma fonte confiável para se manter informado, estabelecer uma rotina mesmo dentro de casa é fundamental para dar continuidade na normalidade da vida, saber que o momento é passageiro e que independente do resultado tudo vai passar. Os pensamentos são responsáveis pelas alterações emocionais, então ficar atento a eles é muito importante neste momento.

E para as famílias que precisam lidar com a ansiedade das crianças, a psicopedagoga Aline Secco ressalta a importância da disciplina da rotina. “Horários devem ser mantidos , assim como as atividades normais como arrumar o quarto, fazer lição, ajudar nas tarefas diárias, higiene pessoal e tudo o que envolve os cuidados da criança. Isolamento social não é férias. É um momento delicado e as crianças que já entendem precisam, sim, compreender a situação e fazer parte da solução junto com toda a família”, conclui.

Maristela e Aline são unanimes na questão do aprendizado neste momento. Ficar com a família, reatar laços, poder ouvir mais o que os filhos tem a dizer, aproveitar o tempo com qualidade de atenção para com todos os entes queridos é o grande aprendizado e ganho dessa situação atual.

Os idosos são os mais vulneráveis à solidão e ao isolamento social, devido a eventos comuns na velhice, tais como perda dos papéis sociais, doenças incapacitantes e morte dos amigos. Neste momento, eles fazem parte do grupo de risco de contágio e é muito importante entender essa dificuldade da parte deles de aceitar ficarem sozinhos.

Neste cenário extremamente delicado para os idosos, a psicopedagoga Aline Secco sugere a tecnologia, construção de rotina e acesso à informação como alguns meios de incentivar os mais velhos a permanecerem em casa e não se exporem a riscos provenientes tanto do ambiente externo quanto do próprio isolamento.

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