SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu, na manhã desta quarta-feira (29), o estudante que foi picado pela cobra naja, da espécie exótica Kaouthia. Ele é suspeito de integrar um grupo especializado na prática de crimes ambientais.

Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkuhl, 22, foi preso em casa, na região administrativa do Guará, após deixar a UTI onde permaneceu em coma após ter sido picado pelo réptil.

O mandado de prisão preventiva, expedido pelo juízo da 1ª Vara Criminal do Gama, tem duração de cinco dias. A ação da polícia integra a quarta fase da Operação Snake e investiga “uma associação criminosa responsável, entre outras condutas, pela destruição das provas relacionadas aos crimes ambientais”.

Na casa do universitário, a Polícia Militar Ambiental (BPMA) do Distrito Federal já havia encontrado outras 16 cobras exóticas e suspeita que, assim como o animal que o picou, todas pertençam ao suspeito.

ENTENDA O CASO

Depois de morder Pedro, no dia 7 deste mês, a naja ficou desaparecida por quase 24 horas. Ela foi localizada no começo da noite do dia seguinte, no Setor de Clubes de Brasília, próxima a um shopping center, após o testemunho de diversas pessoas.

Ela estava dentro de uma caixa e escondida atrás de um morro de areia. A suspeita é de que um amigo de Pedro, que já foi identificado pela polícia (mas teve sua identidade preservada), a teria deixado lá.

O caso acendeu um alerta vermelho para uma questão maior no país: o tráfico ilegal de animais silvestres.

Segundo relatos da polícia ambiental paulista à Folha, a percepção é de que as apreensões cresceram nos últimos anos. Em geral são feitas denúncias anônimas que levam aos mandados de busca e apreensão e, às vezes, a capturas de até centenas de animais de uma só vez.

Sem pena de detenção, porém, o combate ao tráfico ilegal de animais e ao contrabando patina. Cobras de fora do país como a naja, originária de países do sul asiático, são apreendidas frequentemente.

As mais comuns são as cobras do milharal (popularmente chamadas de corn snakes) e pítons. No caso da apreensão feita em Brasília, uma das espécies era a boa de Madagáscar (gênero Acrantophis), espécie listada no apêndice 1 (de maior risco) de fauna ameaçada no Cites (Convenção Internacional para Troca de Espécies Ameaçadas, em inglês).

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