MARCELO TOLEDO – (FOLHAPRESS)
Maior cidade paulista na fase vermelha do plano de reabertura das atividades econômicas, Ribeirão Preto chegou a ter a maior ocupação proporcional de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no estado, mas o índice baixou e a cidade espera nesta semana deixar a fase mais restritiva, o que ampliaria a abertura no interior de São Paulo.
Após alcançar 99,4% de ocupação dos leitos em julho, nesta terça-feira (4) 190 das 250 vagas de UTI exclusivas para Covid-19 estavam em uso, ou 76% do total. O cenário estaria pior não fossem os 46 novos leitos abertos nos últimos dez dias para desafogar o sistema.
O cenário considerado para o avanço ou recuo na fase do plano é o regional e, nele, na última sexta-feira (31) a ocupação era de 76% em UTIs (ainda sem 13 novas vagas), conforme dados da Prefeitura de Ribeirão. Isso permitiria na próxima avaliação a saída da fase mais restritiva -que tem gerado questionamento de entidades ligadas ao comércio.
A cidade, de 703 mil habitantes, soma 14.389 casos do novo coronavírus, com 385 óbitos, até esta segunda (3).
“[Perguntei ao centro de contingência] Que se estivermos [com todos os indicadores] verdes ou amarelos, podemos pular da fase vermelha direto para a fase amarela, que libera inclusive salões de beleza, restaurantes e bares e não há nenhum impedimento para que isso aconteça”, disse o prefeito de Ribeirão, Duarte Nogueira (PSDB).
O tucano tem sido alvo de protestos de comerciantes em frente ao palácio Rio Branco, sede do governo, inclusive com socos em seu veículo. Os manifestantes querem que ele abra o comércio por conta própria, mesmo sem aval do estado.
Assim como Ribeirão, outras três regiões paulistas estão na fase vermelha -Franca (cuja região engloba 22 cidades), Piracicaba (26) e Registro (15)- ao menos até sexta-feira (7), quando o governo estadual fará o 10º balanço do plano São Paulo, cuja classificação é dividida em cinco fases.
Na vermelha (alerta máximo), só serviços essenciais podem abrir. Na laranja (controle), shopping centers e comércio podem operar com limite de 20% da capacidade.
Já na amarela (flexibilização), a capacidade é ampliada para 40% e o horário de atendimento pode ser de seis horas. Na fase verde (chamada de abertura parcial) o índice sobe para 60%. Por fim, a azul (normal controlado) permite a liberação de todas as atividades, com protocolos.
Ribeirão está na fase vermelha há oito semanas, desde 15 de junho, e soma nesta terça 385 pessoas internadas em UTIs ou enfermarias de nove hospitais públicos e privados.
“A gente só quer poder trabalhar, seguindo todas as regras. Tenho feito um ou outro serviço na casa de clientes, mas mal dá para pagar o aluguel do salão”, disse o cabeleireiro Cláudio Tassinari, que não participou de nenhum dos protestos contra o prefeito.
Apesar de a ocupação de UTIs estar em queda, isso ocorre devido ao incremento de novos leitos em hospitais como o HC (Hospital das Clínicas) e o Santa Lydia, e não à redução da incidência da Covid-19 na cidade.
No intervalo de dez dias -de 24 de julho a esta segunda-feira-, o total de pacientes em vagas de UTI subiu de 179 para 190. Como os leitos proporcionalmente cresceram mais, o índice de ocupação caiu.
Nesta terça, o HC Campus, vinculado à USP (Universidade de São Paulo), tinha 71,64% de ocupação, com 48 pacientes para 67 vagas. Às 18h de segunda, porém, a ocupação era de 90,74% e só caiu com a liberação de 13 novos leitos. Na enfermaria, 100% das 47 vagas estão em uso.
Já no Santa Lydia, municipal, só duas das 19 vagas disponíveis não estão ocupadas (89,47% do total em uso).
Mas, independentemente de o número de pacientes internados ter aumentado, caíram no município as médias de casos e mortes provocadas pelo novo coronavírus em relação à semana anterior, segundo a Secretaria da Saúde de Ribeirão.
Enquanto na semana de 18 a 24 de julho foram 2.142 casos confirmados da Covid-19, na semana seguinte o total recuou para 1.781 novos registros, ou 16,85% menos.
Além da ocupação de leitos de UTI exclusivos para Covid-19, também são avaliados para o progresso ou recuo no plano São Paulo internações e óbitos por 100 mil habitantes.