SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Depois de uma megaoperação que envolveu mais de 40 agentes, cães policiais e um helicóptero no último final de semana, autoridades ainda não chegaram a respostas conclusivas sobre uma série de mutilações em mais de 150 cavalos na França.
“Há cerca de 20 casos de orelhas cortadas, mas também há outros incidentes, incluindo mutilação genital e lacerações com objetos pontiagudos”, disse o coronel Hubert Percie du Sert, da polícia francesa, à agência de notícias AFP.
Um homem chegou a ser detido na segunda-feira (7) após a divulgação do retrato falado de um possível suspeito, mas ele foi liberado sem acusações formais.
De acordo com o Ministério do Interior, responsável pela segurança interna da França, 153 investigações de casos de violência contra cavalos foram abertas em 20 departamentos do país.
Os animais geralmente são encontrados com orelhas cortadas, olhos arrancados ou órgãos genitais mutilados. Foi o que aconteceu, no último sábado (5), com duas éguas no departamento de Val-d’Oise, ao norte de Paris.
Elas sobreviveram ao ataque, mas uma foi encontrada com um corte na vulva e a outra com um ferimento de 30 centímetros de comprimento no flanco.
A polícia francesa aconselhou os criadores de cavalos a instalarem câmeras e a monitorarem seus estábulos regularmente. Didier Fruchet, dono de um clube com 80 cavalos nos arredores de Paris, seguiu as orientações das autoridades e investiu na compra de câmeras com visão noturna.
“Não nos importamos quanto custa quando se trata de manter nossos cavalos seguros”, disse, em entrevista à AFP.
A amazona Eloise Lang, de Coueron, no oeste do país, disse que está angustiada depois que seu cavalo foi alvo de um dos ataques.
“Ele tinha vários vestígios de ferimentos feitos com faca nos ombros, flancos e tórax. Quase não dormimos mais, pensamos nisso o tempo todo”.
A polícia segue sem pistas sobre as possíveis motivações dos crimes. Seitas satanistas, desafios na internet e algum tipo de caça ao tesouro macabra são hipóteses que ainda não foram descartadas.
Autoridades também estão preocupadas com a frequência crescente dos ataques e com a possibilidade de que o fracasso da polícia em encontrar os culpados leve a população a querer fazer justiça com as próprias mãos.
Em Quimper, comuna francesa na Bretanha, duas mulheres, mãe e filha, foram presas por ameaçar duas pessoas que se tornaram suspeitas dos ataques aos cavalos.
“Elas admitiram que estavam armadas com um facão e com uma espingarda de chumbo, e pararam um veículo quando não tinham o direito de fazê-lo”, disse à AFP o procurador-adjunto de Quimper, Emmanuel Phelippeau.
Se condenadas, as duas mulheres podem receber penas de até cinco anos de prisão. Nas redes sociais, as vítimas das ameaças foram acusadas de envolvimento nos crimes contra os cavalos, embora nenhuma queixa tenha sido formalmente registrada contra elas.
Nesta segunda (7), o ministro do Interior, Gérald Darmanin, e o ministro da Agricultura, Julien Denormandie, visitaram criadores de cavalos e se reuniram com investigadores para discutir planos que possam impedir os ataques.
“Nossas forças de segurança estão especialmente mobilizadas para questionar os responsáveis por atos de tortura em cavalos”, disse Darmanin, em uma rede social. “Conclamamos os franceses à mobilização geral para relatar qualquer indício que acabe com essas atrocidades.”
Denormandie escreveu que os dois ministérios estão do lado dos criadores. “A investigação é levada muito a sério para que esses atos de crueldade possam ser interrompidos o mais rápido possível.”