LUCIANO TRINDADE – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Num ano de incertezas, em que a temporada da F-1 esteve ameaçada de não acontecer pela pandemia da Covid-19 e precisou de um grande reajuste de calendário, uma coisa não mudou: Lewis Hamilton e a Mercedes formaram a parceria mais dominante, e o piloto inglês conquistou seu sétimo título na categoria.
Com isso, Hamilton, 35, igualou os sete troféus do alemão Michael Schumacher (1994, 1995, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004) num ano em que já havia superado seus número de pódios (155) e vitórias (91).
A confirmação do hepta (após os títulos em 2008, 2014, 2015, 2017, 2018 e 2019) veio neste domingo (15), no GP da Turquia, em que ele ganhou (94º triunfo da carreira) de forma inesperada, após largar na sexta posição –Sergio Pérez, da Racing Point, e Sebastian Vettel, da Ferrari, completaram o pódio.
Desde os treinos, o fim de semana no autódromo de Istambul foi marcado pelas péssimas condições do asfalto recém-recapeado e molhado pela chuva, que transformou o GP numa disputa de controle dos carros pelos pilotos.
O que se viu foi uma série de escapadas e rodadas, inclusive a do finlandês da Mercedes Valtteri Bottas logo na largada, que praticamente definiu a conquista de Hamilton.
O inglês, que também teve muitas dificuldades com seu carro desde os treinos, largou de forma arrojada e ganhou três posições, perdidas pouco tempo depois. Com Bottas para trás (terminou na 14ª posição), ele não precisaria nem se preocupar com isso, mas se recuperou, atacou e chegou à liderança, somando mais 25 pontos na classificação e chegando a 307 pontos.
Assim, não poderá mais ser alcançado pelo companheiro de equipe (com 197 pontos) nas três corridas que faltam para o fim de uma temporada marcada pelas máscaras de proteção e autódromos muitas vezes sem público, a exemplo do que ocorreu na Turquia.
Alheio ao cenário adverso para todos, o mais novo heptacampeão teve um ano arrasador. Esteve presente no pódio em 12 das 14 etapas disputadas até aqui e em dez delas (71%) saiu como o vencedor.
O índice poderia ser ainda maior se ele não tivesse sido punido no GP de Monza, a oitava etapa deste ano, quando terminou em sétimo após ser penalizado por entrar nos boxes antes da abertura para pit stop.
O inglês liderava a corrida, mas teve que ficar parado por 10 segundos devido à infração. Chegou a cair para a última posição, mas se recuperou para terminar entre os 10 primeiros.
Até este ano, a maior taxa de vitórias do britânico em uma mesma temporada em que ele se sagrou campeão foi de 57,9%, obtida em 2014, quando conquistou o segundo de seus sete títulos na categoria.
Na ocasião, venceu 11 das 19 etapas. Neste ano, em razão da pandemia, a temporada teve de ser reduzida de 22 para 17 provas. Ainda estão previstos dois GPs no Bahrein, em 29 de novembro e 6 de dezembro, e um em Abu Dhabi, no dia 13 de dezembro.
O trabalho feito pela Mercedes novamente se mostrou determinante no sucesso de Hamilton. Foram raros os momentos em que a escuderia viu as adversárias de perto, quase sempre pelo retrovisor.
O talento do inglês, porém, também foi atestado em diversos momentos da temporada –por exemplo neste domingo– e pode ser medido pela vantagem sobre Bottas, que corre com o mesmo carro, além de ter estratégias de escolha de pneus e momentos de parada nos boxes semelhantes em quase todas as etapas.
Além das dez vitórias de Hamilton, Bottas ganhou duas corridas até aqui em 2020. Com a dupla, a escuderia registrou 22 pódios. Eles também ficaram com 13 das 14 poles da temporada –9 com o inglês e 4 com o finlandês. A exceção foi justamente neste fim de semana, quando Lance Stroll, da Racing Point, largou na frente.
Não à toa, a equipe alemã conquistou mais uma vez o título de construtores, o sétimo seguido, que quebrou o recorde histórico da Ferrari, campeã seis vezes consecutivas, de 1999 a 2004.
A superioridade surpreende até o chefe do time de Hamilton e Bottas, Toto Wolff. “O domínio de uma única equipe, seja nós, seja a Red Bull na década passada, seja a Ferrari no [início dos] anos 2000, sempre é estranho para o campeonato”, disse o austríaco. “Eu adoraria ter uma concorrência forte.”
Maiores campeões da F-1
1º Lewis Hamilton – 7 títulos (2008, 2014, 2015, 2017, 2018, 2019, 2020)
1º Michael Schumacher – 7 títulos (1994, 1995, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004)
3º Juan Manuel Fangio – 5 títulos (1951, 1954, 1955, 1956, 1957)
4º Alain Prost – 4 títulos (1985, 1986, 1989, 1993)
4º Sebastian Vettel – 4 títulos (2010, 2011, 2012, 2013)