Foi uma semana de tensão, trabalho intenso e desespero. De 2 a 9 de setembro, cerca de 800 hectares foram consumidos por um incêndio. O fogo começou numa estrada de terra em Corumbataí e se espalhou por todos os lados, tomando direção da estrada do Matão e subindo para a Fazenda Morro Grande, descendo até limite de município de Rio Claro.

No rastro de destruição, as cercas de divisas das propriedades, as pastagens, as plantações de eucalipto e de cana-de-açúcar, e mata nativa deram lugar a cinzas e ao pó. Quem acompanhou de perto esse cenário foi Maria Aparecida Botacin Rossi, pecuarista e proprietária rural na região de Ajapi.

“Nunca vi um cenário igual ao de domingo (5). Foi desesperador porque ventava forte e o fogo se propagou rapidamente, com labaredas enormes em direção a uma casa onde os eucaliptos ficam no entorno. Era um cenário de guerra, mas Deus cuidou de nós. Doeu o coração ver árvores enormes caindo destruídas pelo fogo”, relembra.

Para conter o avanço das chamas, uma força-tarefa foi montada pela comunidade com o uso de bombas costais, tratores com tanque d’água, caminhão-pipa, abafadores e a construção de aceiros, tendo, também, o apoio da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros.

“O meu filho e os amigos formaram uma equipe de combate aos incêndios, acerando e colocando fogo de encontro e controlando as laterais para acabar com o fogo. No entanto, o vento ainda acendia as brasas e voltava a queimar a área”, explica Maria.

A proprietária rural não teve prejuízos materiais, mas trabalhou intensamente e precisou adquirir equipamentos para combater os incêndios nos sítios vizinhos visando proteger a sua área. Vencida essa batalha, Maria Aparecida acredita que a origem do incêndio foi por ação humana. “Se eu acho que foi intencional? Eu tenho certeza de que foi intencional e criminoso”, avalia.

Os focos de incêndio podem ter sido eliminados, mas, agora, será preciso enfrentar os danos causados ao meio ambiente, como a morte de animais silvestres, perda de qualidade do solo e poluição do ar. Devido à diminuição do espaço e habitat natural, consequentemente, esses animais passam a buscar refúgio na área urbana em busca de alimentos.

Cobras, lagartos, aves (seriema, corujas, gaviões), cachorro-do-mato, gato-do-mato, raposas, saguis, capivaras, gambás, lobos-guarás e até mesmo onças-pardas, por exemplo, passaram a aparecer com frequência nos centros urbanos.

De acordo com o veterinário Dr. Gustavo Henrique Bonafé D’Ávila, da Clínica Bicho Solto, esse quadro os tornam mais vulneráveis e expostos, sendo susceptíveis a atropelamentos, ataques de animais domésticos e de ações causadas pelo homem, pois podem entrar nas residências e se machucarem, ferindo e até sendo feridos. “Essa exposição faz com que eles precisem procurar alimentos e refúgio, e acabam se aproximando cada vez mais dos centros urbanos”, conclui D’Ávila.

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Apesar de leve e rápida, a chuva que caiu entre a quinta e sexta-feira (10) amenizou os efeitos das fortes queimadas que atingem a nossa região.

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