O proprietário da fazenda localizada na cidade de Brotas, onde centenas de búfalos foram encontrados em situação de abandono e maus-tratos, teve sua prisão decretada no dia 19 de dezembro pela Justiça, mas segue foragido. A informação foi confirmada pelo promotor de Justiça que cuida do caso, Cássio Serra Sartori, durante entrevista à Rádio Jovem Pan News de Rio Claro na manhã de terça-feira (28).

Sartori confirmou também a prisão de um funcionário da fazenda, que atuava como segurança na propriedade, e comentou a repercussão do caso.

“Estou há oito anos no Ministério Público e nunca havia me deparado com uma situação como essa, inclusive o delegado de Brotas, que cuida do caso, Dr. Douglas, a descreveu como um cenário de guerra, animais mortos, animais ainda com vida sendo comidos por urubus, realmente uma cena muito chocante”, relatou o representante do MP.

INVESTIGAÇÃO

A investigação teve início no mês de novembro, através de uma denúncia atendida pela Polícia Militar Ambiental e, num primeiro momento, foram localizados cerca de 600 búfalos em situação de abandono e maus-tratos.

“Um mês depois, concluída a investigação, recebemos o inquérito e o que se verificou foi que uma boa parte da fazenda foi arrendada para a produção de soja e esses animais, que inicialmente eram utilizados na produção de leite, laticínios, foram colocados numa área sem pasto, sem água, sem alimentação e ficaram ali, cerca de 40 dias sem beber e comer. Temos registros de 133 animais mortos e com a possibilidade desse número aumentar”, conta.

Um médico veterinário que trabalhava na propriedade também responderá por ter fornecido, no início das investigações, um laudo em que apontava não haver maus-tratos.

“Por conta desse laudo, os animais acabaram sendo devolvidos aos proprietário, bem no início das investigações, e a ONG que havia montado um hospital de campanha para cuidar dos búfalos precisou ficar às margens do local e mesmo assim os animais voltaram a sofrer maus-tratos, então esse profissional irá responder também”, afirma o promotor.

Sartori explica que, além de responsabilizar os envolvidos, o que é de extrema importância, também está sendo estudado o que será feito com esses animais.

“Pedimos para que o juiz declare o perdimento desses animais quanto ao proprietário. O ideal e o que solicitamos foi que a própria ONG que já cuida desses animais fique com eles, sem fins lucrativos, para que tenham um fim de vida digno”, finaliza.

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