Folhapress
Um dos componentes da cânabis, o canabidiol (CBD), ao ser inalado, pode ser eficaz no tratamento contra o glioblastoma, câncer cerebral bastante comum, sugere estudo americano.
A pesquisa, feita em animais, averiguou que o CBD diminuiu o crescimento do tumor e também alterou a dinâmica do microambiente tumoral, ajudando no combate da doença.
Realizada por pesquisadores da Augusta University, nos Estados Unidos, a investigação consistiu no uso de células modificadas do glioblastoma em camundongos. A partir daí, houve a aplicação do CBD inalado nos animais durante sete dias. A pesquisa também contou com um grupo placebo para comparar os resultados.
“Vimos uma redução significativa no tamanho do tumor, e seu microambiente era diferente”, disse Babak Baban, imunologista e reitor associado de pesquisa do Dental College of Georgia da Augusta University, ao serviço de comunicação da universidade.
O microambiente tumoral é composto pelas células cancerígenas, mas também por vasos sanguíneos e células imunes. Alterar esse ambiente é de suma importância no combate a qualquer câncer porque ele está associado ao crescimento do tumor.
No caso do estudo, constatou-se que o CBD conseguiu reprimir a proteína P-selectina, que, em casos dessa doença, ajuda no espalhamento do tumor e também na resistência dele ao tratamento.
Outra molécula sobre a qual o canabidiol agiu foi a apelina, uma enzima que pode estar associada ao desenvolvimento do tumor no seu estágio inicial. Ela também atua no crescimento crítico dos vasos sanguíneos tumorais e, por isso, a inibição dela pode ser um dos pontos importantes para o tratamento do câncer.
A capacidade do canabidiol de regular inflamações, algo já percebido em outros estudos médicos, também foi averiguada durante a pesquisa, ratificando as hipóteses do impacto que a substância tem no glioblastoma.
Mesmo com esses resultados iniciais, os pesquisadores ainda precisam observar por quanto tempo duram os benefícios do CBD. Eles também relatam que devem estudar com mais detalhes os efeitos que a substância gera nas células-tronco cancerígenas.
As expectativas, no entanto, são positivas. O canabidiol inalado é fácil de ser utilizado, sendo parecido com as bombinhas de asma, o que facilitaria o acesso ao tratamento caso ele se prove útil e seguro em humanos.
Além disso, em um estudo anterior, os pesquisadores observaram que o CBD colaborou na diminuição do surgimento do glioblastoma, mostrando que a substância pode ser aplicada até mesmo no controle de incidência do tumor.