O amor pelo antigomobilismo inspirou o empresário Altino Cristofoletti Junior, de 61 anos, a dedicar seu tempo para viabilizar um sonho antigo: o de colecionar várias relíquias na garagem de casa.

Ele contou ao JC essa semana que há muito tempo olhava para os clássicos mais antigos com curiosidade, principalmente pelo design e soluções de engenharia adotadas à época. Isso foi criando, no rio-clarense, a expectativa e o sonho de, um dia, poder ter um desses. Hoje, seu Altino já conta com oito modelos de diferentes épocas.

Como bom brasileiro, o empresário começou com um Fusca 1600S, ano 1974, de cor vermelha. Ele disse à reportagem que comprou  de um amigo, que sempre conservou muito o VW.

“Minha filha ficou apaixonada pelo carro, até o batizou de Wanda e assim virou seu xodó. Em 14 de abril de 2021 [o fusca] recebeu o Certificado de Originalidade concedido pelo Antigo Auto Clube de Rio Claro”, contou.

A esposa Tereza Cristina Cristofoletti, de 59 anos, sabendo de sua vontade de ter uma raridade, quando viu o Fordinho 29, do amigo Engelber Lima, não teve dúvidas, o convenceu a vender o carro. Em janeiro de 2019, se iniciava uma restauração completa do Phantom, que durou mais de 18 meses.

“Flavio Ebram de Taubaté foi o restaurador, um especialista nestes carros históricos. Foi então que começou a se viabilizar a ideia e o sonho da possibilidade de ter a experiência com esses clássicos”, citou.

Com a pandemia da covid-19, a família de seu Altino viu a necessidade de mudar os hábitos. E, pesquisar pela internet, foi a solução encontrada. Logo adquiriu o Ford Sedan 1941. Um azul duas portas. “Quando chegou o carro foi uma alegria. A família toda andando de um Ford V8”, lembrou.

Em seguida, eles adquiriram  um Fiat 1958. Modelo Millecento, também azul. Este tem a famosa porta ‘suicida’, pois abre ao contrário. Então, foi a vez do Chevrolet Fleetmasster 1948, de cor verde. Este da geração pós-guerra, com um design fantástico.

 As oportunidades foram aparecendo na vida do empresário. Então, comprou mais dois: o Volvo 444 de 1951, na cor vermelha, e o Mercedes Bens 1965, acinzentado. Foi o último ‘rabo de peixe’. A mais recente aquisição foi o Ford Custon conversível 1950. Preto com um design de dar inveja a qualquer amante do antigomobilismo.

O trabalho de restauração

É sabido que o trabalho de restauro com o objetivo de manter a autenticidade é lento e complexo, pois no Brasil não existe um mercado estruturado no ramo e não há uma indústria de peças de reposição como tem nos Estados Unidos e na Europa, o que exige garimpagem minuciosa e muitas vezes fazer a importação das peças.

Um fator substancial, segundo seu Altino, são os profissionais especializados. Coisa que, ainda de acordo com ele, Rio Claro, tem uma grande vantagem de ter muitas pessoas experientes nas oficinas.

“De forma geral, todos os carros, para serem conservados e em especial os clássicos, exigem cuidados com a suspensão e freios, pois foram concebidos com sistemas de frenagens que se tornaram obsoletos. Já o motor e o radiador, sempre merecem um olhar cuidadoso. Limpeza no carburador é outra constante, principalmente pelo tipo de combustível que se tem hoje no Brasil. No interior, a manutenção dos bancos e acessórios. Além é claro, do visual que exige muitas vezes, pintura, polimento e limpeza constante. Também aprendi que os carros são que nem os humanos. Precisam de movimento, senão enferrujam”, explicou.

Futuro reserva exposição e aluguel dos clássicos na Cidade Azul

Ao JC, seu Altino abriu o coração e disse que dá vontade de, num futuro próximo, disponibilizar estes carros para visitação e alugá-los para que as pessoas possam andar.

“Eu vou preferir ter carros mais estruturados, mais clássicos, mas em menos quantidades. Carros mais originais da década de 30, 40 e 50. Sempre tive vontade de dirigir um desses e nunca tive oportunidade. A economia compartilhada está aí para ser vivida e que consegue prover para as pessoas que não tem a condição de ter aquele veículo a possibilidade de usar. De ter a  experiência. É isso que é bacana. Você sai da escassez e vem para a abundância”.

De Mister Bean à Brutus

Na casa de seu Altino, os clássicos são tratados como membros da família. E ganharam até nome. Quem fica com essa ‘função’ é a esposa. O Fusca 74 foi agora é chamado de Wanda; o Ford 29 de Carlito; o Ford 41, de Brutus; o Fiat 58, de Mister Bean; o Chevrolet 48, de Vovô; o Mercedes 65, James; e o Ford 1950, de O Poderoso Chefão.

O caçula do casal, o estudante de Administração Natan Cristofoletti, de 20 anos, que ajudou o pai a posicionar as relíquias em casa para a foto que estampa a capa do Jornal Cidade na edição desta quinta-feira (27), disse sobre o que acha do hobby do pai.

“Não é uma coisa muito comum de se ver por aí. Ele começou comprando um, comprando outro, e foi se apaixonando cada vez mais por esse mundo. De vez em quando eu tenho a oportunidade de dirigir alguns deles. Espero que as pessoas mergulhem cada vez mais nessa vibe”, finalizou.

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