Foto Ilustrativa.

Leonardo Martins – Folhapress

O Estado de São Paulo registrou em 2021 o menor número de vítimas de homicídio doloso (quando há intenção de matar) em 20 anos, de acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública divulgados hoje. Foram 2.847 vítimas no ano passado, contra 13.133 em 2001, quando a pasta começou a divulgar os números de criminalidade.

Por outro lado, os casos de estupros subiram no ano passado (11.762 registros) em comparação a 2020 (11.023). Se o dado de 2021 for comparado ao ano de 2001, quando foram registrados 3.949 casos, houve um aumento de 197% nos casos registrados. Na comparação anual a alta é de 6,7%.

O número de vítimas de homicídio vinha em queda ao longo de 2021. Em janeiro do ano passado, houve 295 vítimas. Em dezembro, 214.

Os registros de estupro se mantiveram no mesmo patamar, com o menor índice registrado em junho, com 840 casos, e o maior em novembro, com 1.100. Em dezembro, foram 945.

Já o número de pessoas mortas pelas polícias Civil e Militar, em serviço e em folga, caiu 30% em 2021. Foram 570 vítimas no ano passado, contra 814 em 2020.

Diferentes dos outros índices de criminalidade, os dados das mortes cometidas por policiais têm divulgação trimestral. Levantamento feito pela reportagem apontou que o número total de pessoas mortas em 2021 pela Polícia Militar e Polícia Civil é o menor desde 2013, com 369 vítimas.

Os números acompanham uma mudança de discurso do governador ao longo de seu mandato. Doria foi eleito governador de São Paulo propagandeando o slogan “BolsoDoria”, relacionando sua candidatura ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Doria divulgou que, durante sua gestão, a polícia iria “atirar para matar”.

No dia em que foi eleito, prometeu “os melhores advogados” aos policiais que matam no estado. Também elogiou ação da polícia com 11 suspeitos mortos e afirmou que a redução da letalidade policial seria algo que poderia acontecer, mas sem obrigatoriedade.

Nesse sentido, suas promessas refletiram nos dados. A polícia de São Paulo nunca havia matado tanto num primeiro semestre quanto em 2020, sob a gestão João Doria. Os dados da SSP apontam que as polícias Civil e Militar mataram, juntas, 514 pessoas em supostos tiroteios, durante o serviço e também durante a folga, de janeiro a junho – o maior número da série histórica do governo paulista com origem em 2001. No mesmo período, 28 policiais foram assassinados, mesmo índice registrado em 2018.

Pressionado pelos índices e distante de Bolsonaro, Doria começou a alterar seu discurso comentando a letalidade como um problema a ser resolvido. Ele chegou a anunciar um novo programa para retreinar os policiais de São Paulo com o objetivo de diminuir casos de violência policial. Como o governador opinou em algumas oportunidades, o estado “não tem comprometimento com o erro” e indica o afastamento imediato daqueles que ele afirma considerar “maus policiais”

Neste ano, o governo paulista ampliou o uso das câmeras nas fardas dos policiais militares do Estado. No entendimento da corporação, a medida ajudou a controlar a letalidade. O dispositivo incomoda apenas o agente que não age corretamente, na opinião do secretário da Segurança Pública, general João Camilo Pires Campos.

Há três semanas, sua pasta anunciou a compra de 3,1 mil armas de choque em um investimento de R$ 20 milhões.

“Este equipamento diminui a letalidade policial sem comprometer a sua eficiência e faz parte do esforço do Governo de São Paulo em avançar seus programas de segurança, reduzindo a taxa de letalidade”, escreveu Doria em nota.

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