DANIEL E. DE CASTRO – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Numa das maiores partidas de sua carreira, Rafael Nadal transformou uma final quase perdida em virada épica para conquistar o título do Australian Open neste domingo (30).
Mais do que isso, seu 21º troféu em um torneio do Grand Slam transformou o espanhol em recordista absoluto entre os homens, deixando Novak Djokovic e Roger Federer para trás, com 20. É a primeira vez que ele supera o suíço nessa contagem.
Nadal bateu Daniil Medvedev por 3 sets a 2, parciais de 2/6, 6/7, 6/4, 6/4 e 7/5, após cinco horas e 24 minutos de confronto.
Esse foi o segundo título de Nadal na Austrália, 13 anos após o primeiro. Era o único dos quatro maiores torneios do esporte que ele havia ganhado apenas uma vez.
Apesar do currículo extenso do espanhol de 35 anos, foi o russo de 25 que chegou como favorito para a final. Na ausência de Novak Djokovic, o vice-líder do ranking era o tenista mais cotado da chave pelo seu ótimo desempenho na quadra dura e por ter batido justamente o sérvio na final do US Open de 2021.
Nadal chegou à Austrália com expectativas moderadas. Ausente do circuito desde agosto do ano passado para tratar uma lesão crônica no pé esquerdo, ele retornou no começo deste ano com um título no ATP 250 de Melbourne.
No Grand Slam, o espanhol manteve a sequência vitoriosa, mas não com tranquilidade. Nas quartas de final, ele já havia precisado de cinco sets para bater Denis Shapovalov, 22, após abrir vantagem de 2 a 0 e sofrer o empate. Além do jovem canadense, o veterano precisou superar uma desidratação e a perda de 4 kg naquele dia.
A campanha até a final já servia como injeção de ânimo para quem refletiu seriamente sobre sua continuidade no esporte por causa das dores no pé começou a temporada desacreditado, após contrair Covid-19 em dezembro e passar dias difíceis com a doença.
“Há alguns meses, não imaginava ter outra oportunidade. Tendo chegado a este ponto, estou animado para vencer. O que vivi ultimamente me faz encarar as coisas de uma perspectiva diferente, mas com a mesma competitividade que está no meu DNA”, ele afirmou após superar Berrettini nas semifinais em quatro sets.
Nadal começou a final com o objetivo de quebrar o ritmo e encurtar os pontos para que Medvedev não ficasse à vontade na troca de bolas do fundo de quadra. Para isso, apostou mais em slices e subidas à rede, mas não conseguiu sustentar essa estratégia. Teve o saque ameaçado em todos os games, foi quebrado duas vezes e perdeu por 6/2.
No segundo set, que teve incríveis 84 minutos, o espanhol foi mais paciente e aceitou entrar no tiroteio. Inclusive ganhou o ponto mais espetacular da decisão, após 40 trocas de bola que terminaram com um slice de backhand angulado. Nadal teve chances de empatar a partida, com quebra de saque à frente por duas vezes e ao liderar o tiebreak, mas viu o russo se recuperar em todas essas ocasiões e prevalecer no desempate.
Perto de fechar o jogo, o russo se desconcentrou no fim do terceiro set. Passou a errar bolas fáceis e a se incomodar com os barulhos produzidos pelo público entre os seus saques. Nadal, que não desistia de lutar apesar da desvantagem e do cansaço, havia encontrado uma forma de equilibrar as ações e estava mais confiante. Quando achou uma brecha, quebrou o saque do rival e saco para fechar em 6/4.
A vantagem física que Medvedev parecia ter não se refletiu dali para frente. Tanto o quarto quanto o quinto sets ofereceram muitas chances para ambos os tenistas. Quem levou a melhor na batalha de nervos dos múltiplos break points foi o espanhol, que fechou as parciais em 6/4 e 7/5, esta última depois de ser quebrado sacando para o jogo.
TENISTAS COM MAIS TÍTULOS DE GRAND SLAM ENTRE OS HOMENS
1º Rafael Nadal 21
2º Roger Federer 20
2º Novak Djokovic 20
4º Pete Sampras 14
5º Roy Emerson 12
6º Rod Laver 11
6º Björn Borg 11
8º Bill Tilden 10