Lourenço Favari

Rua 5, Centro. Na fachada de uma casa com arquitetura que remete ao início do século 20, entre as avenidas 10 e 12, é possível ver na parede os pequenos pedacinhos de azulejos lapidados cuidadosamente nas mais variadas formas. “As flores já estão prontas. Falta colocar o verde ainda, para dar o fundo”, comenta orgulhoso do processo artístico o mosaicista Marcio Luan de Alencar, que mora na casa há apenas dois meses.

O mosaicista Marcio Luan de Alencar
O mosaicista Marcio Luan de Alencar

Autodidata, o artista de 34 anos de idade se dedica há um ano e meio às técnicas do mosaico. Tudo começou depois que um problema na coluna tirou abruptamente seus movimentos da cintura para baixo. “Fiquei um dia sem os movimentos da pernas. Passei algumas semanas me recuperando até poder voltar a andar novamente”, explicou ele, que até aquele momento atuava como massoterapeuta.

“De repente apareceu o mosaico. Tudo começou como uma terapia e acabou se tornando arte e profissão”, disse Alencar que deixou a massoterapia para trás para se aprofundar integralmente à arte do mosaico. Desde então, além dos trabalhos sob demanda, realiza trabalhos autorais, nos quais se dedica a diferentes técnicas e também aos conceitos dos trabalhos.

OBRA

Reaproveitamento. Esta é a palavra-chave do artista, que se apropria de muitos materiais encontrados na rua para dar novas formas e utilidades. “Minha mulher diz que eu não posso ver um cata-entulho”, brinca, referindo-se aos objetos que recolhe para dar-lhes nova vida útil.

Algumas peças que ainda não foram vendidas dividem espaço com alicates, matéria-prima e outros apetrechos na oficina do artista, nos fundos da casa. “O mosaico dá esta oportunidade de reaproveitar as coisas. Você pega no lixo e transforma em arte”, diz.

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Mas nem só de material reciclável são constituídas as obras do jovem artista. “Alguns azulejos têm que ser específicos, para facilitar o corte”, destaca mostrando à reportagem a espessura dos objetos, que são mais finos que os tradicionais revestimentos de construção.

Os valores de cada peça variam, mas começam por R$ 70. “Depende o tamanho, a paleta de cores que é escolhida”, explica. Os interessados no trabalho podem ligar no (19) 99644-7450.

SALÃO DE ARTES

O resultado da dedicação de Alencar veio com a seleção das peças “Marcelo Jeneci” e “Meu Futuro Grande Amor”, para o 33º Salão de Artes Plásticas de Rio Claro, que pode ser visitado até o dia 26 de julho, no salão expositivo do Centro Cultural Roberto Palmari, das 9 às 18 horas.

“Fui convidado por um amigo, o artista plástico Abmael Boni, a me inscrever no evento. A obra ‘Meu Futuro Grande Amor’ eu fiz em parceria com o Abmael. E a outra é um trabalho só meu”, relatou. “Não esperava que seria selecionado. Fiz pois os amigos insistiram. Chorei de felicidade, afinal não faz muito tempo que estou neste ramo e sei o quão importante é o Salão de Rio Claro”, comemorou.

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