Carine Corrêa
Barbárie, crueldade e frieza. Quando se pensa em estupradores, esses são alguns dos adjetivos que vêm à mente. Mas, afinal, o que leva essas pessoas a praticarem esse tipo de crime?
Esse assunto repercutiu no município depois da divulgação dos índices criminais dos municípios paulistas pela Secretaria de Segurança Pública (SSP). O levantamento aponta para 23 ocorrências do gênero no município de Rio Claro, de janeiro a maio deste ano. No mesmo período do ano passado foram onze casos de estupro, o que representa um aumento de 109% e uma média de um caso por semana.
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A reportagem do Jornal Cidade ouviu alguns especialistas que explicam mais sobre o perfil desses criminosos. A psicóloga Vivian Cagnoni da Silva, com formação pela Uniararas, explica que traumas na infância e questões sociais podem levar uma pessoa a se tornar um estuprador. “Praticamente todas as patologias acontecem nos primeiros anos de vida, por volta dos dois anos. As experiências de violência na infância correlacionam-se à perturbação psicológica e comportamental na vida adulta”, frisa Cagnoni.
O monstro estuprador de crianças na região de Rio Claro
Conhecido como “Maníaco da Bicicleta”, os crimes cometidos por Laerte Patrocínio Orpinelli geraram comoção nacional.
Orpinelli foi acusado de espancar, estuprar e estrangular pelo menos 10 crianças em quatro cidades do interior de São Paulo. Rio Claro foi a cidade que registrou maior ocorrência de mortes de menores pelo criminoso.
As mortes aconteceram entre o início e o final da década de 90. A prisão de Laerte aconteceu em 2000. Ele morreu na prisão em 2013. Na adolescência iniciou o vício no álcool e foi internado em clínicas psiquiátricas. Para atrair as crianças, ele oferecia balas.
Ela ainda destaca a repressão da violência para o convívio coletivo. “Não podemos esquecer que a vida em sociedade exige a repressão de alguns instintos. O que acontece com os estupradores é que não conseguem reprimir esse potencial de violência. Assim, desrespeitam os sentimentos alheios em um padrão repetitivo de violação das normas”, destaca Vivian.
Ela também relaciona a questão do poder em casos de abusos sexuais. “É o indivíduo que quer impor seu poder sobre o outro. A grande maioria não tem um comportamento criminal específico e segue o seu padrão. Algo em comum é que desprezam a condição humana da vítima. São manipuladores, não sentem culpa e não têm remorso”, finaliza.
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A psicóloga Evelyn Tambalo, formada pela Universidade de Taubaté (UNITAU) e com atuação em psicologia clínica, destaca que esse tipo de ‘desvio comportamental’ não é considerado uma doença mental.
“O estuprador não é um doente mental. Na maioria das vezes, é mais um psicopata que entende perfeitamente o que está fazendo. Ele tem um distúrbio, mas não uma doença que o tornaria irresponsável penalmente por seus atos, portanto, sempre deve ser considerado culpado por suas ações. O estuprador geralmente é diagnosticado como tendo um Transtorno da Personalidade Antissocial”, detalha.
Evelyn também ressalta que muitos foram abusados em um momento de suas vidas. “Alguns podem ser psicopatas, pois a dominação e submissão da vítima são os objetivos que levam prazer para os estupradores”, conclui.