O vice-prefeito Rogério Guedes e o prefeito Gustavo Perissinotto

A migração do vice-prefeito Rogério Guedes para o Partido Liberal (PL), conforme revelado pelo Farol JC na última semana, pegou alguns integrantes do Governo Gustavo Perissinotto (PSD) de surpresa – ou quase. Até então aguardando definição sobre o futuro do União Brasil – que agora foi sacramentado nas mãos do deputado estadual Aldo Demarchi –, Rogério articulou um retorno ao partido que ficou por alguns dias antes da campanha eleitoral de 2020.

O discurso de mudança de partido, segundo ele próprio disse, é de que quer se aproximar do Governo Federal, visando às eleições deste ano ao Planalto e prestando apoio a deputados do partido que agora também tem Jair Bolsonaro como membro. À coluna, o vice-prefeito disse que continuará trabalhando pela administração municipal e que nada mudará nas suas ações ao lado do prefeito Gustavo.

Na teoria, é isso. Outro discurso, porém, é o do presidente do PL Rio Claro. Marco Peres declarou nos últimos dias à coluna, publicada na quarta-feira (18), que a chegada de Rogério vem para somar no projeto de 2022 (perante as eleições gerais) e “nisto construir o projeto de 2024”. É válido lembrar que o partido compôs com Gustavo e Rogério através do vereador Luciano Bonsucesso no último pleito, sendo inclusive o único a doar oficialmente verba para a campanha.

Quando iniciada a gestão, porém, o PL foi escanteado e não ganhou nenhuma secretaria, apesar de o prefeito ter declarado por diversas vezes que os partidos que compõem a base governista indicariam membros para o primeiro escalão na Prefeitura. Isso não aconteceu com a sigla. A possibilidade de “construção” para 2024, associando Rogério ao partido, volta a expor mais uma vez um clima de racha dentro do alta cúpula do governo municipal e acena para um novo passo para a possibilidade de divórcio, ainda que lá no futuro, entre os titulares da Prefeitura de Rio Claro.

Nos bastidores, fala-se que não tem sido fácil digerir essas articulações “por fora” do ex-vereador, que em tempos passados quase foi candidato a prefeito pelo PSDB – onde foi barrado pelos caciques – e PSL, partido que o elegeu vice. Com a máquina na mão – leia-se Secretaria Municipal de Segurança, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Secretaria Municipal de Agricultura – o vice-prefeito vem fazendo trabalho intenso, que gera até certa ciumeira dentro do Paço Municipal.

Ao Farol JC, o presidente do PSD – partido de Gustavo – e braço direito do prefeito, secretário de Administração Rogério Marchetti, coloca panos quentes. “O PL é um partido que está em ascensão, eu e o Gustavo vemos com bons olhos. O PL tem chance de disputar o Governo Federal. Quem sabe isso não seja bom para trazer benefícios ao município”, disse.

O xará enaltece Rogério Guedes e diz que leva em consideração o discurso dele, não do presidente do PL. “Não muda nada no projeto futuro, muda para melhor. A preocupação nossa hoje é organizar o PSD, governar e trabalhar. Não estamos preocupados com 2024. É uma narrativa do presidente do PL e precisa-se ver o que o Rogério quer, se ele escolher por outro caminho, é um direito dele, democrático. O que vale para nós é a declaração do Rogério”, finaliza.

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