Carine Corrêa
“Eu não tenho idade mesmo para isso, mas eu quero curtir minha adolescência, não quero ficar em casa presa, entendeu? Você gostaria de ficar em casa só porque você tem 13 anos?” Essa é a pergunta que uma menor fez à reportagem da Rede Globo em um especial veiculado pela emissora. O assunto é polêmico, uma vez que passa até por questões morais.
Um jovem que não quis se identificar contatou o JC e colocou a seguinte preocupação em festas do mesmo gênero que estariam sendo organizadas em Rio Claro e região: “Nessas festas são oferecidas bebidas e drogas a menores de idade. Muitas pessoas passam mal. Há casos de estupro, sem consentimento dessas meninas. Já participei de várias e acho que está ficando tudo muito perigoso”, disse.
Fotos foram encaminhadas pelo leitor do JC. Jovens abusam de bebida alcoólica nas imagens; clique para ampliar:
Para discutir o assunto, a reportagem do JC ouviu diferentes frentes.
Prefeitura – “A venda de bebida a menores é questão regulada por lei estadual, e quem flagrar desrespeito às leis deve chamar imediatamente a polícia. Atualmente existem cerca de 150 chácaras para aluguel cadastradas na Sepladema. A pasta vem se reunindo regularmente com os proprietários desses imóveis para reforçar orientações sobre os procedimentos necessários para a realização de eventos dentro do que estabelece a legislação”.
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Luiz Jardim) – “Importante tomar conhecimento desses casos. Na reunião do conselho desta quinta-feira (3), será um dos temas abordados. Sem o vínculo familiar e comunitário, muito difícil tratar dessas questões”.
Comissão da Criança e Adolescente da OAB (advogado Sergio Dalaneze) – “A lei proíbe venda de bebidas a menores. Quem organiza esses eventos deveria ser responsabilizado. Têm ainda as autorizações necessárias para se realizar um evento; é preciso alvará. Mais do que uma extrapolação ética e moral, é um abuso contra os jovens, que acabam sendo vítimas das pessoas que organizam essas festas. O menor é explorado pelo consumo”.
Polícia Militar – “Policiais têm respaldo legal para intervir nesses eventos mediante denúncia, podendo efetuar prisões em flagrante”.
Socióloga (Camila Vedovello) – “É importante olhar para essas festas como as alternativas de diversão desses jovens, que não encontram nas formas tradicionais de lazer na cidade respostas para seus anseios. O poder público e a sociedade devem olhar para essas festas sem olhares criminalizadores da cultura, lazer e sexualidade dos jovens rio-clarenses, mas deve-se, ao mesmo tempo, garantir a segurança das e dos jovens frequentadores dessas festas, assim como repensar as alternativas culturais que a cidade oferece para a juventude como um todo”.