Ednéia Silva
A greve nacional dos servidores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) completa 72 dias nesta quarta-feira (16) sem que haja previsão de encerramento. Governo e trabalhadores já realizaram quatro audiências, mas nenhum acordo foi fechado. A categoria reivindica abertura de concurso público, melhorias nas condições de trabalho, unificação do turno de 30 horas semanais para todos os funcionários e reajuste salarial de 27,33%.
A greve atinge muitas agências em todo o país e atrapalha o atendimento e o andamento dos serviços. Alguns postos atendem somente as perícias médicas. Em outros o atendimento é parcial e tem aquelas que estão completamente fechadas. O Comando Nacional de Greve afirma que a greve tem adesão de 85% da categoria em todo o país, composta por 33 mil funcionários. No total, 1.100 agências estão fechadas. Porém, uma decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) obriga a manutenção de 60% do efetivo nas agências.
No último dia 4, a greve dos servidores ganhou o reforço dos médicos peritos, que também cruzaram os braços. Eles reivindicam reajuste salarial de 27,5% em duas parcelas, reestruturação da carreira, fim da contratação de peritos terceirizados e a garantia de 30 horas de trabalho semanais.
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De acordo com o INSS, o instituto tem 27.669 perícias agendadas. Dessas, 11.024 foram realizadas e 9.074 reagendadas. O percentual de realização é de 39,84%. O INSS afirma que os “segurados que não forem atendidos terão data de atendimento remarcada e, para evitar prejuízo financeiro, será considerada para a concessão do benefício a data inicialmente agendada”. Em caso de dúvidas, os segurados devem ligar para a Central Telefônica 135.
Na região a greve dos funcionários do INSS é forte em alguns municípios. Em Piracicaba, cerca de duas mil pessoas ficam sem atendimento por semana, segundo o Sinsprev (Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência do Estado de São Paulo). Em Rio Claro, apenas quatro dos 30 funcionários aderiram à paralisação, por isso não há reflexos no atendimento ao público.
O diretor regional e estadual do Sinsprev, Mário Jorge Ferreira, informa que a greve está estável aguardando a conclusão das negociações que estão em andamento com o governo. Segundo ele, várias reuniões foram realizadas sem sucesso. A categoria está apreensiva com as medidas anunciadas pelo governo para reduzir os gastos públicos, principalmente o adiamento do reajuste dos servidores federais de janeiro para agosto e a suspensão dos concursos públicos.
Ferreira afirma que o quadro de servidores hoje já é deficitário por falta de reposição de mão de obra. Além disso, muitos funcionários com tempo de aposentadoria não aposentam porque perdem 40% do salário. O sindicalista afirma que a expectativa é que os servidores federais deflagrem uma greve geral em resposta ao governo. A greve geral já está sendo discutida pelo Fórum dos Servidores Públicos, que reúne 23 entidades sindicais e centrais. O Fórum representa 90% dos servidores federais. O INSS orienta a população a acionar a Central 135 para obter informações sobre o funcionamento das agências.