André Luiz Tonon mora em Araras e é eletricista de autos desde os 13 anos de idade, foi na oficina do seu pai que teve contato com os primeiros carros DKW Vemag, popularmente conhecidos por Vemaguet.

Fala com orgulho do carro ser nacional: “Foi o primeiro veículo, em 1956, fabricado no Brasil com 80% das peças fabricadas aqui. Trazido por Juscelino Kubitschek através da Vemag Equipamentos Agrícolas, por isso o carro foi batizado com esse nome – Vemag”.

André tem alguns modelos de DKW, recentemente veio a Rio Claro com um deles, o modelo de 1967 tem placa preta, motor 900 cilindradas, dois tempos e três cilindros: “na época todo mundo criticava por ser três cilindros, três bobinas… e hoje, se você pegar a tecnologia, são todos três cilindros e três bobinas”, comenta, satisfeito.

Conhece a marca e todas suas características, algumas só dele, como o motor dois tempos e uma roda-livre, que era um sistema para economia de combustível. Porém, na visão dele, um dos maiores chamativos da época eram as portas ‘deixa ver’, ou mais conhecida como ‘DêChaVê’, uma referência ao uso das portas por mulheres vestindo saias, e as famosas portas suicidas, que abriam ao contrário, da frente para trás.

“Essa minha aqui já tem portas normais, mas antes de 64 ela vinha com as portas suicidas, porque costumavam abrir, e a DêChaVê porque na hora que abria a porta… não precisa nem falar por quê”, explica, rindo. Conta que em 64 houve modificações nos carros com frente diferente, dois faróis. “A DKW chegou a ter a Vemaguet, o Belcar, o Candango e o Fissore, foram os quatro veículos fabricados no Brasil”, relata o apaixonado pela marca.

André ainda tem outros três DKW: um de 1960, outro de 1964 e uma Belcar 64 com porta suicida. Garante que anda nelas com a família para vários lugares. “O que eu mais gosto é pegar estrada, é uma delícia você andar com ela, hoje todo mundo anda a 120, 130 km/h, eu gosto de colocar a família e andar a 80 km/h, você visualiza mais as estradas, curte a viagem”. Diz que o funcionamento do motor da DKW é diferente de qualquer veículo.

André e a esposa Gabriela Tonon
DKW com porta suicida
DKW Belcar
DKW Fissore
DKW Candango

Seu carro roda bastante, gosta de participar de encontros nacionais de veículos antigos. Já foi em Curitiba e Blumenau rodando com ele perfeitamente. Conhece gente de Brasília e Rio Grande do Sul, faz amigos no Brasil inteiro, por isso também gosta tanto dela.

Também ressalta o coleguismo dos apaixonados pela marca: “Meus amigos de DKW costumam falar ‘mas você é muito novo pra gostar de DKW’, porque quem tem é para relembrar a infância e a minha infância é de 80 pra cima, então esses carros já não existiam. Só que eu sempre me identifiquei com a marca, sempre gostei desde que eu trabalhava na oficina do meu pai”.

Seus ‘amigos DKW’ são todos acima de 60 anos, André tem mais um motivo para valorizar tanto a marca: “tem gente que às vezes desfaz da DKW porque eles gostam de veículos importados, eu já gosto de valorizar o que é da gente, então como ela foi o primeiro veículo nacional é por isso que eu gosto da marca. Comprei minha primeira, me apaixonei e fui comprando mais”.

Os automóveis foram fabricados no Brasil, sob licença da Vemag, entre 1956 e 1967. Apesar da sigla ser DKW (Das Kleine Wunder), no Brasil o carro era popularmente conhecido como ‘DKV’.

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