A jovem Jennifer Inácio, de 17 anos, levou 18 pontos na orelha após ter sido atingida por linha de pipa contendo cerol

Ednéia Silva

A jovem Jennifer Inácio, de 17 anos, levou 18 pontos na orelha após ter sido atingida por linha de pipa contendo cerol
A jovem Jennifer Inácio, de 17 anos, levou 18 pontos na orelha após ter sido atingida por linha de pipa contendo cerol

O período de férias escolares se aproxima e isso aumenta o risco de acidentes com cerol (mistura de cola e vidro moído). Nas brincadeiras com pipa, muitas crianças e adolescentes utilizam o cortante, colocando em risco a vida deles e de terceiros. O uso do produto é proibido por lei estadual (Lei 12.192/2006), mas nem sempre a regra é respeitada, causando muitos acidentes.

Foi o que aconteceu na tarde de segunda-feira (14) no bairro São Miguel. Duas meninas sofreram graves cortes causados por linha de pipa com cerol. Jennifer Inácio, de 17 anos, levou 18 pontos e quase perdeu a orelha, e sua irmã, Fernanda, de 9 anos, levou três pontos na perna.

A tia das meninas, Alda Dorado, conta que as duas trafegavam de bicicleta na Avenida 62-A, sentido Bandeirante-São Miguel, quando depararam com a linha. Jennifer tentou se livrar e as duas caíram. Fernanda feriu a perna na queda, mas Jennifer teve a orelha cortada pelo cerol, além de bater a cabeça na queda. As duas foram levadas ao pronto-socorro. Fernanda foi atendida e liberada, mas Jennifer passou a noite em observação e saiu na manhã dessa terça-feira (15). Alda comenta que o susto foi muito grande. Os pais e toda a família das meninas ficaram desesperados. Para ela, a polícia deveria intensificar a fiscalização para coibir o uso do cerol. Segundo ela, graças a Deus, não aconteceu nada mais grave com as sobrinhas, mas, se a linha tivesse atingido o pescoço, a situação poderia ter sido pior.

O comandante da Guarda Civil Municipal (GCM) de Rio Claro, Wlademir Walter, explica que a fiscalização contra o cerol é feita nas rondas de rotina das viaturas. Quando se depara com o produto, o material é apreendido. Se o menor for apreendido, é levado para a delegacia e o responsável é chamado para assinar um termo de responsabilidade. Se for adulto irá responder pela infração.

No entanto, é difícil fazer o flagra. Segundo Walter, quando a viatura é avistada, eles fogem, deixando para trás as pipas e linhas. Foi o que aconteceu no caso citado acima. Quem soltava a pipa fugiu, deixando para trás a lata com a linha com cerol que foi apresentada à polícia.

Para o comandante, a GCM faz a sua parte, mas os maiores fiscalizadores devem ser os pais, que têm como verificar a brincadeira dos filhos e impedir que eles utilizem qualquer tipo de cortante. Walter comenta ainda que algumas pessoas fazem do cerol um negócio. O produto é fabricado em fundos de quintal e comercializado, e esses locais dificilmente são denunciados às autoridades.

A Guarda Municipal realiza anualmente uma campanha para distribuição de antenas “corta-pipas” aos motociclistas. Para 2016 a corporação ainda não sabe se a campanha será realizada. O comandante informa que depende de parcerias com empresas para realizar a ação.

Além do cerol, tem ainda a linha chilena (mistura de cola com pó de quartzo e alumínio), material com um poder de corte quatro vezes maior que o do cerol. No último domingo (13), policiais da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) do Rio de Janeiro prenderam em flagrante 18 pessoas que soltavam pipas com linha chilena.

O grupo estava no Campo da Taninha, em Olaria, na Zona Norte do Rio. Além de soltar pipas, eles vendiam rolos de linha chilena. Eles foram autuados por crime ambiental e por expor a vida e a saúde de outras pessoas a perigo direto e iminente.

E as linhas chilenas são realmente perigosas. De acordo com a Associação Brasileira de Motociclistas (Abram), a cada ano, cerca de 125 pessoas morrem eletrocutadas ou cortadas por linha chilena no Brasil.

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