Antonio Archangelo
Pouco mais de seis anos após declarar, em Rio Claro, que “qualquer um que for escolhido concordaria em ter o apoio de um líder importante como o Michel Temer”, a presidente Dilma Rousseff (PT) assistiu ao desembarque por aclamação do PMDB do governo federal aos gritos de “Fora PT” e “Temer presidente”, na tarde dessa terça-feira, 29 de março.
Uma dobradinha vitoriosa que teve em Rio Claro seu impulso, em 2010, por articulação do prefeito Du Altimari (PMDB), um dos primeiros a acreditar que a união entre o seu partido e o Partido dos Trabalhadores lançaria a sigla ao Poder Executivo.
Em 2016, porém, o clima é outro. O prefeito evita criticar a postura do PMDB, ou mesmo a conduta de seu padrinho político Michel Temer. Sua assessoria, mais uma vez, apostou na fala entregue à imprensa na semana passada: os partidos políticos que compõem a base de apoio ao governo municipal certamente têm a maturidade de tomarem as decisões, em âmbito local, de maneira a atender aquilo que é melhor para os rio-clarenses, disse.
Um dos expoentes do partido em Rio Claro, Ney Fina externou, porém, sua indignação. Alega não compreender o que está acontecendo. “Acho muito estranho, permaneceram juntos até agora. Se o problema é a Presidência, o Temer foi eleito junto com a Dilma… Não tô entendendo o que está acontecendo. Hoje, não apareceram pessoas mais destacadas como o Temer, Renan e Jarbas. É um rompimento brusco”, disse.
Do outro lado, a decisão nacional dá força política para os líderes locais que acreditam que o futuro da sigla é distante do PT. O médico João Vieira – que deixou a presidência por divergência com Altimari – disse ser favorável à decisão. “Está insustentável manter este governo: economia paralisada, alta do desemprego e sem projeção de alguma melhora”, comentou. O presidente da Câmara, João Zaine, apoiado por Paulo Skaf, um dos entusiastas do impeachment, revelou: “agora é preciso analisar os reflexos na política local”.