Carine Corrêa
Os dados da 10ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), revelam que o Brasil registrou uma média de cinco estupros por hora em 2015. Foram 45.460 casos durante o ano. Paralela a esse levantamento, pesquisa também encomendada pelo FBSP neste ano evidenciou que um em cada três brasileiros acredita que, nos casos de estupro, a culpa é da mulher.
Em Rio Claro, o Movimento Mulheres em Luta (MML) promove a panfletagem, faz reuniões para discutir os temas envolvendo a violência contra as mulheres e presta assistência às vítimas que procuram o movimento. A professora Áurea de Carvalho Costa integra o MML e avalia a pesquisa. “Há uma naturalização de que a mulher é culpada e provoca. Nós somos seres humanos civilizados. Mesmo que a mulher esteja com roupas curtas, o homem tem obrigação de se comportar como ser civilizado”, frisou.
Telma Ressineti é professora da rede municipal de ensino e faz parte do MML. “A questão da violência é toda uma cultura que permeia, que chamamos de cultura do estupro. Essa cultura são práticas que colocam a mulher como submissa. Violências sutis colaboram para a cultura do estupro”, observou.
A socióloga Camila Vedovello destaca que são necessárias políticas públicas para reduzir o índice de violência contra a mulher, especialmente o estupro. “Elas devem atuar para desmistificar a diferença social entre os gêneros, passando por debates educacionais, nas escolas e na sociedade, onde se paute o respeito ao corpo do outro e à diversidade social”, defendeu.
Feminista, a bióloga Virginia Campos participa também do debate. “Já passei por muitos assédios. Um assobio na rua, um olhar com teor sexual, uma insistência em festas e até mesmo invasão de corpo, como o toque de desconhecidos. Acho Rio Claro uma cidade muito conservadora no sentido de menosprezar a mulher”, relatou.