Laura Tesseti

O continente americano foi novamente atingido por um furação. Chamada de Harvey, a tempestade tropical chegou ao continente americano e tocou o solo por volta das 22h de sexta (0h de sábado, no horário em Rockport, cidade de oito mil habitantes no Texas). Os ventos eram de 209 km/h (um furacão de categoria 4 na escala Saffir-Simpson, que vai de 1 a 5.

Harvey chegou a Houston, a quarta maior cidade do Estados Unidos, fazendo muitas vítimas e rio-clarenses que moram na cidade relataram ao JC o caos vivido no local e como estão procedendo e contam sobre o auxílio que estão fazendo no resgate.

André Maule conta que onde mora a situação está relativamente boa, comparada a outras partes da cidade. “Moramos a oeste do centro da cidade e estamos perto de um rio que corta a cidade de Houston e ele está num nível muito alto. A cidade tem muitos canais e corpos d’água e já possui um histórico de inundações, mas o grande problema desta vez foi a grande quantidade de água que recebemos nos últimos três dias, pois foi uma coisa que nunca se viu aqui nesta região”, conta.

O rio-clarense fala também sobre novas chuvas. “Acredito que não haverá mais chuvas, já vimos os primeiros raios de sol, um sinal de esperança, de melhora. Em relação à precipitação, acredito que não teremos mais problemas nos próximos dias, mas o problema é o atual nível das barragens ao redor da cidade. Eles estão abrindo as comportas para minimizar essa temática. Muitos bairros ainda sobrem com a situação, mas acreditamos que tudo vai melhorar. Tivemos amigos que tiveram perdas nos domicílios, mas graças a Deus todos estão bem.”

Sobre a solidariedade, Maule aponta a solidariedade do povo americano. “Tenho um amigo que, há três dias, ele e filho estão percorrendo as áreas atingidas e ajudando as pessoas. No nosso bairro estamos fazendo uma campanha, arrecadando alimentos não perecíveis, uns ajudando os outros. O povo americano em geral é muito solidário e apegado aos seus amigos, vizinhos, sua comunidade em si. Doam até mesmo a roupa do próprio corpo para poder ajudar o próximo e isso é muito importante ser salientado.”

DEPOIMENTO

Thaís Bíscaro Corrêa e o marido Fernando Corrêa também moram em Houston e falam sobre a situação na cidade. “Nós moramos atualmente no Energy Corridor e estamos sendo diretamente impactados pelas enchentes. O nosso sentimento aqui é de fé e esperança, apesar de todo medo e insegurança, pois contra a força da natureza não há o que possamos fazer. Nós moramos ao lado de ambas as represas que estão na sua capacidade máxima e, por isso, estão sendo aliviadas através da abertura das comportas que despejam no Buffalo Bayou, que é o principal rio que escoa toda água de Houston em direção ao mar em Galveston”, conta.

A situação na cidade de Houston, a quarta maior do Estados Unidos, é caótica, segundo rio-clarenses que moram no local, mas a comunidade tem se ajudado e diversas campanhas estão sendo realizadas
A situação na cidade de Houston, a quarta maior do Estados Unidos, é caótica, segundo rio-clarenses que moram no local, mas a comunidade tem se ajudado e diversas campanhas estão sendo realizadas

Segundo a rio-clarense, chuvas foram muito intensas e a notícia que receberam foi de que o que choveu em dois dias seria equivalente à quantidade de água acumulada em 400 anos, devido às precipitações. “Segundo a USGS (United States Geological Survey), foi um evento épico que ocorre a cada mil anos”, fala.

Thaís Bíscaro conta que estava no Brasil há poucos dias e que, ao chegar a Houston, ela e a família tomaram conhecimento do que estava por vir e buscaram tomar as providências necessárias. “Conseguimos abastecer o carro, caso precisássemos evacuar, e no mercado já não havia mais pão e água. Conseguimos alimento e, depois de rodar por seis horas, conseguimos comprar um fogareiro, caso ficássemos sem energia ou gás. Mas a população está se ajudando muito. A comunidade brasileira em Houston é grande e ativa, temos ONGs atuando. O que pedimos é que as pessoas façam uma corrente de oração, pois aqui estamos precisando de muitas energias positivas. Somos gratos por estarmos bem, mas têm milhões em sofrimento e a reconstrução disso tudo vai demorar muito tempo.”

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