Quase metade das pessoas na cidade de São Paulo já foi alvo de roubo ou de furto alguma vez na vida. É o que apontam os resultados da pesquisa “Vitimização em São Paulo – 2018”, divulgada nesta quarta-feira, 19, e realizada pelo Insper a cada cinco anos, com objetivo de ajudar na orientação de políticas de segurança pública.
O levantamento tem como base entrevistas em 3 mil domicílios da capital, feitas entre os meses de março e maio, com maiores de 16 anos. Segundo a pesquisa, aumentou a proporção de moradores que sofreram assaltos em São Paulo.
Do total de entrevistados, 48,2% declararam ter sido vítima de roubo ou furto alguma vez na vida – estatística que considera tanto os casos “contra a pessoa” quanto de veículos ou à residência. Comparado a 2013, última vez que o levantamento havia sido publicado, o índice subiu: antes era 46,3%. O dado, no entanto, ainda é inferior a 2003, a primeira pesquisa, que apontou 49,8% de vítimas.
Já considerando crimes que teriam acontecido nos últimos 12 meses, 8,9% dos paulistanos disseram ter sido roubados, enquanto 14,1% se declararam vítimas de furto. Na pesquisa anterior, esses índices estavam, respectivamente, em 6,7% e 12,6%. O principal alvo dos bandidos é o celular, diz o estudo.
Para o coordenador do Centro de Políticas Pública (CPP) do Insper, Naercio Menezes Filho, o aumento estaria ligado à crise econômica. “Essa tendência de alta está relacionada com a taxa de desemprego, especialmente entre os jovens”, diz. “Em 2003, a taxa de desemprego, segundo a Seade, estava em 23%. Nos anos de 2008 e 2013, o desemprego baixou e os crimes ficaram estáveis. E agora, que voltou a subir, está em 32%.”
Menezes Filho destaca ainda que, segundo o estudo, 26,1% dos entrevistados declararam já ter sido ameaçados com arma de fogo. “É um trauma muito grande”, afirma. De acordo com o pesquisador, em mais da metade dos casos de roubo a vítima não chegou a informar à polícia. “Essa pesquisa é interessante porque vai na casa das pessoas, não depende de estatísticas oficiais”, diz Menezes Filho.
Para ele, a alta subnotificação estaria relacionada com o baixo índice de esclarecimento dos crimes. Segundo o estudo, só em 4,1% dos casos de roubo contra pessoas, por exemplo, os assaltantes foram identificados. “A maioria das vítimas não reporta porque acredita ser perda de tempo. Se a taxa de resolução fosse maior, com certeza seria diferente.”
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública informou que a subnotificação ocorre no mundo todo, mas a ação das polícias “é constante”. “A pasta verificou o avanço da segurança pública nos dados, pois em 2013 o estudo apontava que 36,7% das pessoas que sofriam roubo informavam a polícia, enquanto o atual levantamento aponta um aumento de 10,9%.”
‘Novos crimes’
Pela primeira vez, o Insper incluiu o crime de assédio sexual e identificou que 13,5% das mulheres foram vítimas de algum episódio no último ano. Em mais da metade dos casos (55%), ela sofreu pelo menos quatro assédios. Já entre os homens, 4,9% foram vítimas. A pesquisa também passou a aferir agressões online: 5,5% dos usuários de redes sociais ou aplicativos de mensagens declararam já ter sido vítima. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.