Audiência de ação que pede R$ 40 milhões pela morte de vítimas da barragem da Vale que estavam hospedadas em uma pousada perto da represa em Brumadinho (MG) terminou sem acordo nesta terça-feira, 25, no fórum da cidade. A ação é movida pela família Taliberti e envolve as mortes dos irmãos Luiz Taliberti Ribeiro da Silva, de 31 anos, e Camila Taliberti, de 33, a mulher de Luiz, Fernanda Damian de Almeida, de 30 anos, que estava grávida, de cinco meses, de Lorenzo. O casal morava na Austrália e passava férias no Brasil. Nesta terça-feira, completou-se cinco meses da tragédia, ocorrida em 25 de janeiro

Com enteado e enteada mortos no rompimento, Vagner Diniz, que é marido de Helena Quirino Taliberti, mãe de Luiz e de Camila, esteve nesta terça no fórum em Brumadinho. A família mora em São Paulo. “Como pais obviamente estamos muito sem rumo. Não sabemos muito bem o que fazer da vida, por conta de perda tão dolorida”, disse. Diniz afirmou que o mais importante, no momento, é punir os responsáveis pela tragédia. “É preciso uma condenação do ponto de vista penal”, avalia.

A ação, além da indenização, pleiteia ainda a criação de um memorial nas sedes da Vale e pedido de desculpas por parte da mineradora. “E que nas assembleias ordinárias e extraordinárias da empresa pelos próximos 20 anos seja feito um minuto de silêncio para relembrar os mortos. A Vale não pode esquecer o que fez”, afirmou Diniz. 

“A empresa tem um descaso gigantesco com familiares das vítimas. O que fazem é a oferta de migalhas. Com migalhas estão acalmando os familiares das vítimas para que não ocorra revolta contra a empresa. É isto que estão fazendo”, acrescentou.

Também morreram na pousada o pai de Luiz e Camila, Adriano Ribeiro da Silva, de 61 anos, e a mulher dele, Maria de Lourdes da Silva, de 59 anos. Ambos não integram o quadro de vítimas da ação cuja audiência foi realizada nesta terça. A viagem tinha como objetivo visita ao museu Inhotim, que fica em Brumadinho.

Os advogados da família Taliberti, Paulo Korte e Roberto Delmanto Júnior, afirmaram que, além da aplicação de pena criminal a responsáveis pela tragédia, é preciso que a empresa, como reparação por danos morais, pague pelo ocorrido. “Aumentaram o lucro e reduziram a segurança”, diz Delmanto.

Segundo o advogado, os representantes da empresa na audiência afirmaram que não tinham como tratar da questão do memorial, nem do minuto de silêncio nas assembleias. “Sobre os recursos, disseram que certamente seria inferior à metade do que está sendo pedido”, disse Delmanto. Sem acordo, conforme o advogado, a expectativa é que a sentença saia em 90 dias. 

Em nota, a Vale informou que apresentará uma proposta “assim que forem disponibilizadas as informações que não constam nos autos”

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