Em entrevista ao Jornal Cidade, o cineasta piracicabano Gabriel Ávila fala sobre o curta-metragem ‘Homem ao Mar’, do qual é roteirista e diretor ao lado de Cris Mendes, diretora de produção e que, também, assinou a direção de Arte e a assistência de direção.
O curta narra a história de um homem em estado terminal que vive o fim de seu casamento e viaja à praia para um retiro espiritual, que mostrará a ele um novo olhar sobre a vida. A fase de gravações já foi concluída, agora está na de montagem do filme.
Jornal Cidade – Como se deu a escolha – ou a certeza – de seguir a área de Cinema e Audiovisual?
Gabriel Ávila – Desde pequeno, sempre gostei de escrever histórias e unindo isso à minha paixão pelas artes visuais e pelo cinema, que sempre foi um estímulo dentro de casa, ainda no Ensino Médio, me envolvi com produções locais de cinema e me apaixonei. Adquiri minha primeira câmera em 2011 e, desde lá, tenho me aventurado pela área. Em 2013, comecei o curso de Cinema e Audiovisual na Unimep.
JC – Recorda-se do primeiro trabalho profissional que realizou?
Gabriel Ávila – Me recordo de um dos primeiros curtas que produzi ainda no Ensino Médio. Chama-se ‘Padre’ (2012) e foi dirigido por um grande amigo e mestre, Ramirez Ballotta. É uma adaptação de ‘O Crime do Padre Amaro’, de Eça de Queirós. Nele eu fiz a Direção de Produção e foi, extremamente, estimulante todo o processo. Estudávamos na Etec. Cel. ‘Fernando Febeliano da Costa’ e sempre tivemos muito apoio para produzir arte dentro da escola. Com este curta, recebemos o prêmio de Melhor Direção de Fotografia, no Festival Literatura em Vídeo, das Editoras Ática e Scipione.
JC – Em linhas gerais, pode citar outros trabalhos que participou e aquele que tenha sido um divisor de águas?
Gabriel Ávila – Trabalhar com atores globais e grandes personalidades sempre é uma experiência única. Recentemente, fiz o Making of do curta ‘Isadora faz a Festa’, do Coletivo Livre de Cinema em Piracicaba, e tivemos a honra de receber Walderez de Barros que protagonizou o filme. Também, fiz Fotografia Still no set do longa piracicabano ‘Cães Famintos’, tendo atores como Mel Lisboa, João Vitti, Amélia Bitencourt, Mariah Teixeira e Pedro Monteiro. Atores que sempre estamos acostumados a ver nas telinhas e telões e quando temos a oportunidade de trabalhar juntos, é sempre um processo extremamente enriquecedor.
Dentre esses trabalhos também destaco dois que participei em Rio Claro: os curtas ‘Command Action’ e ‘A Moça que Dançou com o Diabo’, ambos do coletivo Kino-Olho, nos quais atuei como assistente, no primeiro de Produção e no segundo na Direção de Fotografia. Eles foram dirigidos pelo meu professor da universidade, João Paulo Miranda Maria, que gentilmente me convidou para integrar a equipe. Os filmes ganharam notoriedade no interior, pois participaram durante dois anos consecutivos do Festival de Cannes na França. ‘A Moça’ recebeu até menção honrosa do júri.
JC – No momento, você desenvolve o curta-metragem ‘Homem ao Mar’. Quando e de que forma será disponibilizado ao público?
Gabriel Ávila – A fase de gravações já foi concluída, agora estamos na montagem do filme. É a fase mais demorada e de maior cuidado, pois é onde a magia acontece. Pretendemos lançá-lo em março e faremos exibições abertas ao público. Queremos fazer a estreia no Sesc Piracicaba e depois exibições em espaços alternativos. Também, temos a intenção de participar de mostras e festivais nacionais e internacionais. Quem sabe conseguimos entrar em Cannes novamente?
JC – Como se deu a escolha dessa sinopse que aborda um homem em estado terminal que vive o fim de seu casamento e viaja para a praia para um retiro espiritual?
Gabriel Ávila – A história do filme nasceu da minha observação sobre mim mesmo e sobre outros homens e mulheres a minha volta, de como eles lidavam com as consequências e as próprias escolhas de vida. Em 2017, me mudei para São Paulo e morei um ano sozinho. As idas e vindas para Piracicaba, o dia-a-dia pelos trens e metrôs, me sensibilizaram nessa observação. Nesse meio tempo, encontrei uma frase de ‘O Espelho’, de Machado de Assis, que diz que “cada criatura traz consigo duas almas: uma que olha de dentro para fora e outra, de fora para dentro”. Então, comecei a pensar na história de um homem e uma mulher em torno dos 50 anos, que insatisfeitos com a própria vida e diante de uma verdade absoluta, que é a morte, encontrariam uma forma de vivenciar outras escolhas, outras vidas. O título ‘homem’ não faz referência apenas ao personagem masculino, mas ao indivíduo humano que está navegando, ‘ao mar’, pela vida. ‘Homem ao mar’, também, é o aviso dos marinheiros quando um homem cai no mar e precisa ser salvo. Todos precisamos ser salvos! Por quem? Talvez, por nós mesmos. É um filme sobre redenção, autoaceitação e autoconhecimento.
Profissionais envolvidos no projeto
Cris Mendes, Diretora de Produção do filme que também assinou a Direção de Arte e a Assistência de Direção.
Marco Escanhoela (Direção de Fotografia), Felipe Medeiros (Operador de câmera), Natália Morais (Som direto), Fernanda Dojcsar (Assistente de Som), Raissa Modolo (Figurino e Maquiagem), Jhullia Mattos (Assistente de Arte), Vinicius Silva (Assistênte de Produção) e Chall Alves (Fotografia Still e Making Of).
Elenco: Jorge Lode e Alessandra San Martin que são o casal protagonista, e também Leandro Bonin (de Limeira), Vanessa Alves (de Rio Claro), Magna Eliez, Giovani Bruno Magalhães, Gabriel Frassetto e Vanessa Lima. Todos de Piracicaba e região.
Redes sociais
Redes sociais do filme (Facebook e Instagram)
Homem ao Mar: @homemaomarfilme
Produtora Rubro Filmes: @rubrofilmes
Gabriel Ávila: @artedoavila