Na reta final da disputa pelo Oscar de melhor documentário, a cineasta brasileira Petra Costa sente-se realizada – ainda que seu longa Democracia em Vertigem não encabece a bolsa de apostas (posição ocupada por Indústria Americana, produção do casal Obama), ela chegará à cerimônia de premiação, no domingo, 9, com um gosto de vitória.
“Conversei com muita gente desde que cheguei aos Estados Unidos”, disse ela, desde Nova York. “O filme foi visto por várias pessoas e especialmente os americanos comentaram que passaram a entender melhor seu próprio país a partir do meu documentário.”
Democracia em Vertigem é uma visão pessoal de Petra sobre os acontecimentos que resultaram no impeachment da então presidente Dilma Rousseff, em 2016. Como ocorreu no Brasil por ocasião de seu lançamento pela Netflix no ano passado, o filme provocou discussões acaloradas também nos EUA.
Um dos momentos de maior destaque ocorreu na semana passada, no tradicional almoço em que a Academia reúne os indicados à estatueta. Acompanhada da líder indígena Sonia Guajajara, Petra conversou com diversos astros, especialmente os mais próximos de causas ambientais, como Leonardo DiCaprio e Brad Pitt. “Enquanto falávamos, Leo brincou: ‘Fui atacado pelo seu governo'”, disse ela, referindo-se às acusações do presidente Bolsonaro de que teria financiado queimadas criminosas na Amazônia.
Só a indicação, segundo ela, serviu para o longa ganhar mais credibilidade. “Aquelas movimentações em Brasília são vistas agora como antecipadoras do que ocorre agora no Chile e em Hong Kong”, observa Petra, que já recebeu diversas propostas para novos trabalhos. No momento, ela trabalha em outro documentário e em seu primeiro filme de ficção. A votação para todas as categorias do Oscar termina nesta terça, 4.