Ednéia Silva
Muitos municípios brasileiros enfrentam problemas com antigas instalações industriais, comerciais e de outras atividades, que, após a desativação das fábricas, são abandonadas. Em Rio Claro não é diferente. Alguns prédios fabris e comerciais foram abandonados há anos. Alguns foram refuncionalizados, mas outros continuam sem uso, causando várias perdas ao município.
Esses espaços são conhecidos como “brownfields”, termo americano que define as instalações abandonadas, ociosas e subutilizadas, mas que têm potencial ativo para o reúso. São empreendimentos que um dia foram desativados e, com o passar do tempo, transformaram-se em zonas mortas.
O Prof. Dr. Auro Aparecido Mendes, docente do Departamento de Geografia da Unesp (Universidade Estadual Paulista), campus de Rio Claro, cita alguns prédios que foram alvo de abandono e hoje estão total ou parcialmente refuncionalizados. É o caso do prédio da antiga Tecelagem Matarazzo, que hoje abriga o Shopping Center Rio Claro.
Outro exemplo é o prédio da antiga Estação Ferroviária, que abriga a Secretaria Municipal de Turismo, o terminal urbano de ônibus e sedia eventos e atividades culturais. No entanto, ainda existem vagões e barracões das oficinas da antiga Cia. Paulista abandonados.
O professor lembra ainda as instalações da antiga fábrica da Gurgel Motores, que foram abandonadas desde o fechamento da fábrica em 1990. Atualmente, o espaço está sendo refuncionalizado por um condomínio industrial. As antigas instalações da Cervejaria Skol também foram parcialmente refuncionalizadas. Parte do prédio abriga uma faculdade e uma loja comercial, mas existe ainda uma grande área em estado de abandono.
Mendes citou ainda alguns prédios da antiga Unesp no bairro Santana que também estão abandonados. Alguns imóveis foram reformados para abrigar o Instituto de Bioenergia, em outros funciona o Centro de Economia Solidária, mas ainda existe uma parte ociosa. No centro de Rio Claro tem o antigo prédio da Cesp, na Rua 4 com a Avenida 4, que está abandonado há anos.
O professor comenta que o abandono desses espaços gera várias perdas ao município em termos econômicos, históricos e sociais. São empreendimentos inutilizados que vão se deteriorando com o tempo e com risco de desaparecer. A deterioração desvaloriza o imóvel, que perde valor comercial. No aspecto social existe o incômodo que o abandono causa à vizinhança, já que muitas vezes esses prédios são ocupados por usuários de drogas, andarilhos e até criminosos.
Algumas áreas abandonadas estão contaminadas e precisam ser limpas antes da reutilização. Relatório da Cetesb (Companhia Estadual de Tecnologia e Saneamento Ambiental) de dezembro de 2013 aponta que Rio Claro tinha 25 áreas contaminadas ou em processo de reabilitação, sendo que 19 (76%) eram postos de combustíveis. A lista da Cetesb ainda relaciona 5 indústrias, um condomínio residencial e um campo de mineração.