Matheus Pezzotti
A China se firmou como potência econômica mundial e continua em um crescimento exponencial em todos os âmbitos. E no futebol não é diferente. O esporte é visto pelo presidente Xi Jinping como projeto de governo e, desde 2013, começou a ter intenso incentivo fiscal para empresas que investem no futebol e tiveram início as contratações de bons jogadores, técnicos, preparadores físicos e fisioterapeutas.
É o caso de Walter Grassmann. Filho de Waldemar e Rosemarie Bóbbo, o paulistano morou muitos anos em Rio Claro, ainda visita a cidade nas férias e a tem em seu coração. Como jogador, foi goleiro tanto do Rio Claro FC como do Velo Clube na década de oitenta. Aos 55 anos, iniciou a carreira somente como preparador físico em 1988, no Linense, com o técnico Tonho.
Com extenso currículo, passou por inúmeros times do Brasil e do mundo, com destaque para conquistas do Rio-São Paulo, em 2001, com o São Paulo, o vice da Copa Paulista em 2005 e o acesso à elite do Paulistão em 2006, com o Galo Azul. Ao trabalhar no Atlético-PR em 1999 e 2000, tornou-se amigo do diretor Samir Aidar. O libanês indicou uma comissão técnica brasileira para trabalhar no Olimpic Beirut FC em 2002 e, desta forma, iniciou sua carreira internacional. Depois, Walter retornou ao Brasil e, em 2012, foi contratado pelo Daegu FC, da Coreia do Sul. No ano seguinte, trabalhou no Changchun Yatai FC, da China, e novamente no Daegu FC. Em 2014, foi para o Gyeongnam FC, da Coreia do Sul, e voltou para o Changchun Yatai FC em 2015. “Não retornei mais ao futebol brasileiro, pois sempre tive o desejo de trabalhar e residir em outros países, com o objetivo de chegar a uma seleção e disputar uma Copa do Mundo ou voltar a uma Asia Champions League [já disputou em 2003, com o Olimpic Beirut FC] e chegar a um Mundial de Clubes”, diz.
Walter também comentou sobre as diferenças em relação ao trabalho realizado no Brasil e nos países asiáticos. “São enormes, como o período de pré-temporada com 60 a 75 dias em média, mas a ciência parece não ter desembarcado em muitos clubes da Ásia e áreas como a fisiologia, nutrição, psicologia, fisioterapia estão defasadas ou inexistentes e isso sobrecarrega os profissionais estrangeiros, mas estou totalmente adaptado e consegui implantar meu sistema de trabalho alicerçado na Ciência do Treinamento, mesclada com minha experiência de 28 anos de profissão”, afirma.
Grassmann comenta que a valorização financeira é um dos fatores mais importantes para escolher o mercado asiático, mas o reconhecimento do trabalho não tem a mesma valorização, com exceção dos grandes clubes, e não acredita que a China seja um país do futuro no futebol.“O maior interesse é o financeiro e isso será mantido somente se os objetivos governamentais forem alcançados nos próximos 10 anos. Se a China voltar a disputar uma Copa do Mundo e atletas chineses entrarem no mercado, então acredito que os altos investimentos continuarão. Mas um fator que deve ser revisto com urgência na China é o seu trabalho de base. Sem uma formação adequada, jamais a China terá uma seleção forte e competitiva, pois o dinheiro não compra tudo, mas pode financiar a contratação de profissionais que iniciem uma estruturação nesse processo em conjunto com os chineses e, paralelamente a isso, intercâmbios constantes com clubes formadores ao redor do mundo”, ressalta. Walter ainda não definiu o clube em que vai trabalhar na temporada, mas prefere seguir fora do Brasil pela questão financeira e não descarta retornar, no futuro, a um grande clube do país.