O município de Rio Claro registra quatro mortes por dengue este ano e outras quatro estão em investigação. Os casos da doença já passaram de mil nestes quase quatro primeiros meses do ano. A situação é alarmante e tem elevado a lotação nas duas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) da cidade, na Avenida 29 e no Cervezão.

A reportagem do Jornal Cidade fez um levantamento da escalada da dengue em Rio Claro e os dados apontam que é preciso colaboração mútua, entre poder público e população, para frear a doença enquanto é tempo. Em todo ano de 2023, a cidade teve 700 casos confirmados.

Segundo as estatísticas, a cidade registrou até a última sexta-feira 1.145 casos confirmados, uma média de 71 casos por semana, o que são quase 10 casos diários. A região sul está negativamente se destacando neste cenário, com os bairros Jardim Novo 1 (168 casos) e Jardim Novo 2 (53 casos) entre os que mais estão registrando casos da doença neste ano. Somente em abril, até o momento, foram registrados mais casos do que nos três primeiros meses do ano.

REGIÃO

O painel de monitoramento lançado pela Divisão de Dengue, Chikungunya e Zika do Governo do Estado de São Paulo aponta que até a sexta-feira (19) a Região Metropolitana de Piracicaba confirmou 19.311 casos de dengue. Porém, mais de 46 mil notificações foram apresentadas, das quais quase 22,2 mil foram consideradas ‘prováveis’. São 16 mortes confirmadas nas 26 cidades que compõem a RMP.

MICRORREGIÃO

O JC levantou os dados oficiais na plataforma do Governo de São Paulo quanto aos municípios da microrregião de Rio Claro. São 1.413 casos confirmados no total nas cidades de Analândia (669), Cordeirópolis (112), Corumbataí (11), Ipeúna (90), Itirapina (248) e Santa Gertrudes (382).

ESTADO DE EMERGÊNCIA

O prefeito Gustavo Perissinotto (PSD) decretou estado de emergência em Rio Claro no mês de março. Diante de várias medidas anunciadas pela municipalidade, a reportagem do Jornal Cidade questionou a Prefeitura sobre a continuidade das ações e os resultados até o momento. Em nota, a administração afirma que as medidas anunciadas no enfrentamento à dengue estão implantadas e têm se mostrado efetivas no atendimento à população.

UPAs e UBS

Na unidade básica de saúde (UBS) da Avenida 29 funciona espaço específico para atendimento de pessoas com sintomas de dengue, contando com médico e enfermagem, de segunda a sexta-feira das 7 às 19 horas. O atendimento neste local é a partir de triagem na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Avenida 29, que atende em média 130 pacientes com sintomas de dengue, sendo a maioria casos leves. Os casos leves incluem sintomas como: febre, dores no corpo, dor de cabeça e alguns sintomas inespecíficos, eventualmente, como náusea ou diarreia.

Na UPA do Cervezão a equipe foi reforçada com um médico a mais e leitos foram destinados exclusivamente para casos de dengue em que o paciente precisa ficar em observação. Com a ampliação de atendimento a casos suspeitos de dengue na unidade da Avenida 29, houve diminuição destes atendimentos no Cervezão. Na última semana a média foi de 95 pacientes por dia. Por conta do cenário da doença, o município ampliou em cinco os leitos contratualizados na Santa Casa e, caso haja necessidade, esse número pode ser ampliado.

Tenda da dengue

O Jornal Cidade também questionou se seria necessária a instalação de uma tenda para atendimento dos pacientes com sintomas de dengue, nos moldes do que ocorreu em 2015. A Fundação Municipal de Saúde, porém, entende isso não é útil atualmente, pois unidades deste tipo só são habilitadas para atender pacientes do grupo A e alguns do grupo B, que são os casos que demandam hidratação e envolvem pacientes com quadros clínicos leves.

“Os casos classificados como grupo C e D (e às vezes B) necessitam de suporte em unidades providas de outros recursos. Por conta disso, o município tem investido no reforço das equipes das duas UPAs”, comunica.

Segundo a Prefeitura, em 2015, primeira grande epidemia de Rio Claro, a população dificilmente apresentava maiores complicações, já que estas ocorrem predominantemente em populações acometidas pela doença pela segunda vez. Pacientes classificados como grupo A normalmente não necessitam de hidratação endovenosa.

Para prevenir a dengue, as orientações continuam sendo eliminar os criadouros do mosquito, que estão localizados na maioria das vezes dentro dos domicílios; utilizar meios de evitar a picada do mosquito transmissor (telas, mosquiteiros, repelentes, inseticidas liberados para uso doméstico, vestimentas que não exponham a pele); e usar repelentes nas pessoas diagnosticadas com dengue para que elas não passem o vírus para outros mosquitos.

A situação de emergência no município só será descaracterizada quando houver incidência de queda da doença durante quatro semanas consecutivas. Na antiga Estação Ferroviária, um centro de informações sobre a dengue foi instalado para a população se informar quanto aos atendimentos e ações de prevenção.

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