Estadão Conteúdo 

Mais de 1 mil alunos do curso de medicina da Universidade de São Paulo (USP), segundo o centro acadêmico dos estudantes, iniciaram uma greve nesta segunda-feira, 13, em protesto à redução do quadro de médicos e do número de atendimento de pacientes do Hospital Universitário (HU). Os estudantes afirmam que o ato não prejudicará a população, pois o atendimento realizado por eles na unidade não será interrompido. Eles vão realizar uma manifestação no Masp nesta terça-feira, às 17h. A Faculdade de Medicina da USP informou que um convênio com a Secretaria Municipal da Saúde para o funcionamento do pronto-socorro do HU está em fase de finalização.

No ano passado, a direção do HU começou a reduzir os atendimentos. Foram suspensos os serviços oftalmológicos e os prontos-socorros adulto e pediátrico, limitados durante a noite apenas para casos de emergência.

As restrições foram decorrentes do déficit de especialistas provocado pelo Programa de Demissão Voluntária (PDV) e a suspensão de novas contratações. Segundo os estudantes, como novos médicos pediram demissão nos últimos meses, há o risco de o pronto-socorro deixar de funcionar completamente até o final do mês.

Em nota, a Faculdade de Medicina da USP informou que um trabalho conjunto entre a Reitoria da universidade e a superintendência do HU está sendo realizado para viabilizar um convênio com a Secretaria Municipal da Saúde “para prover o total funcionamento do PS-HU”.

A faculdade informou que o convênio está em fase de finalização, informação que foi confirmada pela Secretaria Municipal da Saúde “Todos os esforços estão sendo feitos, também pelo Departamento de Pediatria e pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP, para que não haja prejuízo das atividades, principalmente do PS Infantil do HU.”

A faculdade lamentou a atitude dos estudantes e informou que as atividades acadêmicas serão mantidas e as ausências não serão abonadas.

Qualidade

Estudante de Medicina e secretário do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz, Deivid Beda, de 19 anos, afirma que a greve será por tempo indeterminado e que a mobilização tem como objetivo garantir um atendimento de qualidade para os pacientes e a formação dos 2 430 estudantes da área de saúde que estudam no local e atuam atendendo a população.

“A greve que lançamos tem como pauta a qualidade do HU. A gente aprende a ser médico generalista lá em nossos estágios obrigatórios. A greve foi elaborada de forma que não prejudicasse a população e, em nenhum momento, estamos visando a interromper o atendimento.”

Beda diz que a paralisação vai atingir as aulas e, apesar de a universidade informar que o calendário será mantido, os estudantes estão tentando negociar com os professores e departamentos o cancelamento das faltas e a reposição das aulas. “Estamos fazendo uma greve por nossa formação como profissionais”, justifica.

O Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) diz que, desde 2014, o hospital perdeu cerca de 300 funcionários, a maioria enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Desses, 43% eram médicos – uma redução de 15% no quadro. A diminuição também levou ao fechamento de 49 leitos. O hospital opera hoje com 184.

Nesta terça, 14, às 9h, os estudantes vão fazer uma panfletagem no metrô Butantã e na Cidade Universitária. Às 17h, será realizado um ato no vão livre do Masp. Uma assembleia para fazer um balanço sobre a paralisação está prevista para ser feita na sexta-feira.

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