Elas não poderiam ter histórias mais diferentes e estarem em momentos mais distintos de suas vidas. Uma, já tem criados todos os três filhos, homens. E já pode curtir até mesmo os primeiros netos. A outra, deu à luz há pouco tempo, e está se preparando para aquela rotina de fraldas, mamadeiras e muita expectativa e trabalho para iniciar a criação… de trigêmeas.
Em comum, ambas as mães – Leonor Porfírio Silva, 53 anos e Tatiane do Nascimento Siqueira, 34, têm aquela certeza desconcertante, de que seu amor, dedicação e exemplo, têm poder para influenciar o destino de seus filhos.
Errada elas não estão. Isso porque além do senso mais do que comum de que o amor materno é importantíssimo para os filhos, existem também pesquisas científicas que corroboram essa noção.
Uma delas, feita poucos anos atrás, por Joan Luby, uma psiquiatra infantil que é cientista da Faculdade de Medicina de Washington. Ela descobriu que o amor de mãe pode ajudar o cérebro de uma criança a se desenvolver mais – duas vezes mais, se comparado ao desenvolvimento do cérebro de crianças criadas por mães distantes ou que não demonstram afeto.
Voltando à nossa realidade, e às nossas personagens, Leonor e Tatiane receberam a reportagem do JC para representar todas as mães de Rio Claro, em comemoração a este domingo, 8 de maio, o Dia das Mães.
As duas são bons retratos de muitas e muitas mulheres e mães brasileiras, lutadoras, cujas dificuldades parecem só servir para fortalece-las. E que dificuldades!
Leonor nasceu e foi criada na roça, filha de pais analfabetos e que pela necessidade absoluta de buscar o sustento, não puderam dar a ela a oportunidade de estudar.
Trabalhando na lavoura desde os 12 anos, casou-se aos 17 e teve três filhos, pela ordem – Dion Everson Silva, hoje com 36 anos, Émerson Porfírio Silva, 33 e Rogério de Jesus Silva, 30 anos.
Embora com algumas breves pausas, voltou para a lida na agricultura familiar com os meninos ainda crianças.
A dureza da vida lhe deu três metas: uma, junto com o marido, não deixar nada faltar aos filhos. As outras metas seriam garantir que além de serem pessoas íntegras, eles não tivessem o mesmo destino dela, e pudessem estudar.
Amorosa, acolhia e incentivava os meninos em tudo. Enérgica, cobrava desempenho. Atenta, exigia que os garotos se entendessem como irmãos. E que fossem os melhores amigos uns dos outros.
Deu certo: os três cresceram muito unidos, estudaram, e hoje são empresários de sucesso em Rio Claro – sócios de duas unidades da rede imobiliária RE/MAX, franquia de uma das maiores empresas do segmento no mundo.
Leonor é a maior fã dos três e não economiza elogios aos filhos. “Ser mãe é especial, é ter amor no coração, ser batalhadora e fazer de tudo pelos filhos. E ver eles estudarem, crescerem e terem sucesso é a melhor coisa”, conta.
Ela lembra que um de seus maiores orgulhos foi ver, a certa altura da vida, que nos próprios meninos surgia uma vontade própria de batalhar pela vida, seguindo o exemplo dela e do pai. “Eu trabalhava e eles sentiam que deviam trabalhar também”, lembra.
Hoje, segundo Leonor, os meninos que viraram homens feitos, inverteram o papeis em relação a ela. “É como se fossem meus pais. São estrelas que brilham”, resume.
Missão cumprida
Ouvindo os três filhos de Leonor falarem da mãe, se pode observar que as metas estabelecidas por ela foram mais do que alcançadas. Além de serem empresários destacados, demonstram pleno reconhecimento àquela que os criou.
“Ela sempre nos transmitiu valores. Sempre prezou muito pela verdade e pela nossa união. Fazia a gente estar sempre conectado. Brigou? Pede desculpas, ela mandava. E assim crescemos amigos”, conta Rogério.
Émerson diz concordar. “Ela nos ensinou a sermos unidos e a trabalhar em equipe. A gente sempre a viu trabalhar na roça com meu pai, a batalha do dia a dia, e ela sempre ficou no nosso pé para a gente estudar. Então sempre tentamos fazer o melhor para evoluir”, afirma. “E tirar uma nota A, mostrar o boletim pra ela, era uma conquista”, relembra.
Dion, o mais velho, também não demonstra ter qualquer dúvida sobre o peso que o amor e a dedicação da mãe tiveram na sua construção pessoal. “Minhas maiores lembranças sempre foram a educação e a união em família. Além do acolhimento, ela sempre brigou por nós em tudo e nos ensinou a nunca deixarmos de sonhar. Hoje, com rede social, quando a gente posta alguma conquista, ela é a primeira a ir lá, comentar. Nos incentiva em tudo”, afirma, resumindo o significado que essa mulher tem na vida dos irmãos. “Mãe representa amor”.
Três Marias e uma longa espera
Tatiane vive uma história diferente. Ela já tem duas filhas adolescentes, mas, recentemente, foi mãe de novo, por um desejo compartilhado com seu segundo e atual marido.
Se a maternidade em si, em condições normais, já é um imenso desafio, imagine-se para essa promotora de vendas que teve trigêmeas. O leitor do JC já foi apresentado a essa história, das três Marias, que nasceram no dia 31 de março, em Rio Claro.
Maria Luíza, Maria Eduarda e Maria Clara exigiram da mãe uma força que a fez superar grandes obstáculos, inclusive a própria gestação, que foi de alto risco. E, agora, a ausência das meninas, que seguem na UTI Neonatal da Santa Casa, já que nasceram prematuras.
“Foi um parto muito corrido, meu médico previa uma gravidez de 34 semanas, mas elas vieram com 29 semanas. Então, eu já sabia que teria que vir pra casa sem elas, mas está realmente muito difícil”, relata ela, sabendo também que terá um Dia das Mães delicado: ela só pode ficar uma hora e meia por dia com os bebês, durante as visitas ao hospital.
“Eu vou lá todos os dias, tiro leite para dar a elas, e fico sempre na expectativa da melhora das três, de quantos gramas elas ganharam”, conta.
Em meio ao enxovalzinho preparado com tanto carinho para as três Marias, Tatiane se emociona ao falar da angústia da espera pelo momento em que finalmente as trará pra casa. E mostra a força que seu amor transmite às meninas, revelando o que diria a elas, se as pequenas já pudessem entender. “Eu diria que elas já são muito amadas, tem muita gente torcendo por elas e elas vão conseguir, logo estarão aqui, porque são muito guerreiras”.
Na verdade, como mostramos no início dessa reportagem, a Ciência aponta que, de alguma forma, os filhos sempre entendem quando são amados pelas mães. E isso faz toda a diferença.