Favari Filho
Sexta-feira, 10 de abril de 2015. Às 19h27 subo os seis degraus de acesso à sede do Antigo Auto Clube, local em que o presidente Bruno Atibaia Caceres Cortez – com quem havia agendado entrevista para as 19h30 – me recebe enquanto ainda espalha as cadeiras e as mesas de matéria plástica no átrio para o encontro dos associados que tem início às 20h. À frente, duas portas onde se lê ao centro “Fundado em 28-03-1988” produzem um efeito clássico algo contemporâneo no Castelinho da Praça Fausto Santomauro.
O interior do lugar, que desperta a curiosidade de dois entre cada três rio-clarenses que passam pela Rua 2, chama a atenção pelo cuidado dos detalhes e da decoração. Nas quatro paredes da sala de entrada, cartazes de antigos encontros (todos emoldurados) e uma enorme quantidade de revistas completam o cenário. “Preservamos uma coleção completa da Quatro Rodas desde a edição de número 1. O objetivo é que o associado tenha acesso aos detalhes quando quiser restaurar algum veículo”, explica o presidente.
De acordo com Bruno, o embrião do Antigo Auto Clube foi formado quando alguns apaixonados por carros antigos começaram a se reunir em suas próprias casas, ainda na segunda metade da década de 1980, com o intuito de debater o assunto comum a todos e, logo, das reuniões nasceram à instituição e a primeira exposição ocorrida em 1988. Já os encontros tiveram início em 1991 e a sede no castelinho – que abrigava a antiga bomba de abastecimento de água dos bairros Santana e adjacências – foi inaugurada em 5 de junho de 1993, depois de um acordo de comodato com a administração pública da época.
Proprietário de um Karmann Ghia ano 1971 de cor branca, Bruno relata que sua paixão por automóveis começou muito cedo. “Sempre gostei de carros. É uma coisa de família e desde os catorze anos que frequento o clube”, lembra. Aos poucos, enquanto conversamos, em volta das mesas associados, colecionadores e amantes de automóveis antigos vão chegando e, com a ajuda dos colegas, o presidente segue revelando as histórias do clube rio-clarense que é autenticado e um dos únicos do Brasil com a permissão para emitir o Certificado de Originalidade (ou seja, a placa preta) por conta própria, sem influencia da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA).
Bruno enfatiza que a pessoa não precisa ter um carro antigo para participar, basta gostar e se interessar pelo assunto, pois o Antigo Auto Clube é uma entidade reconhecida como de Utilidade Pública, sem fins lucrativos “cujo objetivo é reunir entusiastas no intuito de preservar a memória do transporte. Os encontros semanais são um ambiente de troca de conhecimento sobre veículos”, acrescenta. Ao todo são 75 associados da Cidade Azul e de toda a região que comparecem aos encontros que acontecem, impreterivelmente, as terças e sextas-feiras, a partir das 20h.
O prestígio do Antigo Auto Clube é notório e, rotineiramente, os associados são convidados para encontros em todo o país, devido ao reconhecimento nacional alcançado durante os vinte e sete anos de existência, inclusive por colecionadores do quilate de Og Pozzoli, com quem o clube mantém um estreito contato. Ainda que seja o primeiro ano de Bruno na presidência, para o futuro, anuncia além da reforma na sede – que deve começar no início do segundo semestre – o tradicional Encontro de Automóveis Antigos, que acontece no dia 24 de junho (aniversário da Cidade Azul) pela décima primeira vez no Colégio Claretiano de Rio Claro, e deve contar com aproximadamente quatrocentos veículos de toda a região.
Os interessados em participar tanto dos encontros quanto das reuniões biebdomadárias podem comparecer ao Antigo Auto Clube de Rio Claro, no cruzamento da Rua 2 com Avenida Rio Claro, entre as Avenidas 26 e 28, “que será muito bem recebido por todos os membros do grupo”, finaliza o presidente. Depois de uma aula sobre automóveis, digo até breve a Bruno e aos demais, porém, não sem antes registrar o momento em uma fotografia dos integrantes do clube de apaixonados por carros, que seguem a preservar a memória e a construir uma nova e belíssima história que já somam quase três décadas.