Antonio Archangelo
O presidente do PSD de Rio Claro, Luiz Rogério Marcheti, comunicou ontem, 28 de janeiro, que o vice-presidente da sigla, o advogado e diretor jurídico da Câmara Municipal, Peterson Santilli, foi afastado da função até “o término do inquérito pelo qual está sendo apurado” o suposto direcionamento de licitação que resultou na reforma do prédio do legislativo pelo valor estimado de R$ 1,8 milhão.
De acordo com a ata, “as 12h e término as 13h, foi realizada reunião, que esteve presente os membros da Executiva do partido, onde foi tratado o assunto: denúncia publicada do Jornal Cidade, do dia 28 de janeiro, onde de comum acordo entre o presidente Luiz Rogério Marcheti e o vice-presidente Peterson Santilli, e foi aceito por todos os presentes, o pedido de afastamento do vice-presidente até o término do inquérito onde estão sendo apurados os fatos (sic)”.
Conforme revelou o JC, Santilli, diretor jurídico do legislativo, prestou serviços para a construtora que realizou os serviços de reforma da Câmara realizada em 2014. Conforme apurou a reportagem, Santilli era o homem encarregado de acompanhar a obra durante sua execução. As medições eram aprovadas por fiscal contratado pelo próprio parlamento.
A contratação da construtora é alvo de investigação após denúncia informal ao Ministério Público. O promotor André Vitor de Freitas revelou a existência de “um inquérito que apura suposto direcionamento na contratação da empresa que realizou a reforma da Câmara em 2014. No início, pedi sigilo de Justiça para conseguir fazer algumas diligências, fizemos várias oitivas. Superando esta fase, o inquérito se tornou público, conforme a publicação feita no Diário Oficial do Estado de São Paulo”, mencionou.
“Dei ciência aos investigados, membros da Mesa Diretora: Agnelo (PT), Maria do Carmo (PMDB) e Dalberto (PDT) estão no inquérito, pois assinaram o contrato e a licitação. O ex-presidente Agnelo, inclusive, já recorreu junto ao Conselho Superior do Ministério Público, o que é um direito dele, para tentar paralisar as investigações. O inquérito foi instaurado quando recebemos uma denúncia informal. Foram seis empresas que participaram da licitação, incluindo duas que ofereceram as garantias contratuais, e me pareceu estranho que só a JBS conseguiu permanecer na disputa. As outras empresas chegaram até a fazer vistoria e não continuaram. O que foi uma surpresa”, concluiu.
PSD
A sigla presidida por Marcheti é considerada, nos bastidores, como partido que abrigará o vereador Agnelo Matos (PT) numa possível candidatura a prefeito. Agnelo indicou Santilli para ocupar cargo comissionado na Câmara. Com a formação do partido na cidade, Santilli, que já ocupava função diretiva no legislativo por indicação de Agnelo, figurou como vice-presidente do PSD.
Procurados desde quarta-feira (27), nem a Câmara Municipal nem o diretor jurídico Peterson Santilli comentaram o inquérito. De acordo com a assessoria da Câmara, ele nada comentará sobre essa polêmica.
A reportagem apurou que o legislativo ficou boa parte do expediente de ontem (28) reunido para discutir a dimensão da denúncia e se a mesma teria impacto para atingir o legislativo perante a opinião pública.