Carine Corrêa
Após chefiar a Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (DISE) de Rio Claro, a delegada Adriana Haidê Assari Nevoeiro assume na capital paulista o cargo de divisionária na Corregedoria-Geral do Estado de São Paulo. A promoção veio após a delegada concluir o Curso Superior de Polícia em São Paulo.
JC – Quando ingressou na profissão? Em que cidade?
AN – Ingressei na carreira de escrivã de Polícia em setembro de 1989, na cidade de Piracicaba. Em novembro de 1991 fui aprovada no concurso para delegada de Polícia.
JC – Quanto tempo atuou na Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (DISE) de Rio Claro?
AN – Em 1991, já no cargo de delegada de Polícia e após cursar a Academia de Polícia, inicialmente fui designada para trabalhar na cidade de Mogi Guaçu, onde inaugurei a DDM. Em 1992 vim para Rio Claro. Inicialmente aqui trabalhei no Plantão Policial, depois atuei como assistente na Delegacia Seccional de Polícia.
Em 1994 passei a atuar como titular da DDM, desde sua inauguração, onde permaneci por cerca de 8 anos. Depois trabalhei no 1º DP e novamente na assistência da Seccional.
Em sequência, durante cerca de 2,5 anos permaneci afastada, sendo primeira-dama, prestando serviços no Fundo Social de Solidariedade durante o mandato do meu marido prefeito municipal Nevoeiro Junior e após e concomitantemente na assistência da Delegacia Seccional, Assistência da DIG, Central de Polícia Judiciária e finalmente DISE, que está aglutinada com a DIG, onde permaneci por cerca de 4 anos. Durante minha atuação em Rio Claro integrei a equipe corregedora da Seccional local.
JC – Nesse tempo, quais foram as principais investigações que chefiou?
AN – Durante a minha carreira profissional, reputo como sendo as ocorrências principais onde atuei, seja pela complexidade, gravidade e que foram especialmente marcantes, todas aquelas relacionadas a pedofilia, o fatídico acidente de 20 de maio, onde foram vítimas estudantes da Unimep, a apreensão de quase uma tonelada de drogas em Ajapi (juntamente com outros colegas) e todas as relacionadas a tráfico de entorpecentes.
JC – Qual sua opinião sobre o atual modelo de segurança pública?
AN – Entendo que às polícias recai uma responsabilidade decorrente de problemas sociais que fogem de sua alçada. Vejo a necessidade de reformulação legal no tocante à efetiva punição aos autores de crimes praticados com violência à pessoa, posto que está havendo uma banalização da violência, para que as penas alcancem seu objetivo de retribuir o mal causado e impedir a prática de atos criminosos. Sustento a necessidade de uma reformulação legal para o tratamento do criminoso, nos moldes e no mesmo nível do ataque causado à vítima e sociedade.
JC – Qual caminho acredita ser o ideal para se reduzir a violência?
AN – A formação familiar, educacional e religiosa, inclusive possibilitando o trabalho aos mais jovens, tendo observados e protegidos seus direitos.
JC – Qual sua opinião sobre a descriminalização das drogas?
AN – Sou pessoalmente contrária, posto que, num nível de violência existente, as medidas a serem adotadas deveriam consistir, no meu ponto de vista, em medidas educativas e culturais antes da liberação de quaisquer substâncias que possam de alguma forma alterar o estado normal de um indivíduo.
JC – Você é a favor da redução de idade para maioridade penal?
AN – Entendo ser necessária, mormente nos crimes praticados com violência à pessoa, a revisão da questão da maioridade penal, para que os adolescentes possam ser responsabilizados penalmente.
JC – Como avalia – em termos de violência – a cidade de Rio Claro?
AN – A violência se trata de um problema existente em todo nosso país e excede as fronteiras. Sou testemunha do trabalho sério desenvolvido pelos policiais civis e militares no combate a essa violência, mesmo sob a problemática dos problemas sociais e fragilidade de nossa legislação.