“Atingimos a cúpula da organização criminosa, aqueles que vinham sucedendo aos que já tinham sido desarticulados pelo MPSP e que se encontram em presídios federais”. A afirmação foi feita pelo procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo, durante entrevista coletiva concedida na sede do MPSP para tratar da Operação Sharks, deflagrada na manhã desta segunda-feira (14/9) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) com apoio da Polícia Militar e do 1º Batalhão de Polícia Militar de Choque (Rota). O objetivo da operação foi dar cumprimento a 12 mandados de prisão e 40 de busca e apreensão emitidos contra membros da cúpula da organização conhecida como PCC, ligada a crimes como tráfico de drogas.

Segundo Sarrubbo, o Gaeco obteve a prisão de pelo menos quatro alvos. Os demais seguem foragidos e continuam sendo procurados, sendo que oito pessoas também envolvidas com a organização já tinham sido presas anteriormente. Um dos investigados morreu nesta segunda-feira após entrar em confronto com as forças de segurança. Houve ainda a apreensão de quantia significativa de dinheiro, veículos, drogas, armas e porções do explosivo TNT. “A operação de hoje é resultado do trabalho de quase um ano realizado pelos membros da força-tarefa, que consideraram o objetivo atingido. Cumprimento o coordenador dos Grupos de Atuação Especial do MPSP, Amauri Silveira Filho, pelo resultado obtido”, disse.

Para o promotor Lincoln Gakiya, é possível afirmar que a Operação Sharks é a mais importante já realizada em São Paulo após a transferência das lideranças do PCC para outros Estados. “Conseguimos identificar e mapear toda a liderança da facção. Os mandados expedidos foram contra pessoas com poder de comando, tanto dentro como fora dos presídios. Localizamos setores importantes da organização ligados ao tráfico, além de termos identificado indivíduos responsáveis pela logística do fornecimento de drogas a partir do Paraguai e da Bolívia”. Ainda segundo Gakiya, a desestruturação do gerenciamento interno e externo da organização criminosa visa a atingir também o setor financeiro do bando, já que as investigações apontaram para a remessa de milhares de dólares ao exterior, além da lavagem de dinheiro por meio da aquisição de imóveis e automóveis. “Os investigados tinham vida suntuosa na capital, assim como em apartamentos à beira-mar”, acrescentou.

De acordo com o promotor Leonardo Romanelli, a Operação Sharks atingiu o chamado setor de Raio-X da organização, responsável por reunir as informações a respeito das funções inferiores da facção com o intuito de proteger a sua cúpula. “O PCC nunca chegou a se dividir em células, continua sendo uma organização essencialmente piramidal. Há a cúpula que se encontra presa, a cúpula ainda solta, que foi alvo da Operação Sharks, e em seguida vem o setor de Raio-X, que faz uma proteção à denominada Sintonia Final, reunindo uma pessoa de cada função, como se fosse um conselho consultivo, para orientar decisões”, afirmou.

Em relação aos próximos passos da investigação, o promotor Alexandre Castilho explicou que serão efetuadas análises do material apreendido e oitivas das pessoas presas para que, em seguida, uma acusação formal seja apresentada à Justiça. “Vamos continuar com as investigações também em outros flancos”. 

Além de Sarrubbo, Gakiya, Romanelli e Castilho, participaram da coletiva os também integrantes da força-tarefa André Camilo, Silvio Loubeh e Olavo Pezzotti, assim como o comandante de Policiamento de Choque da Polícia Militar, coronel Rogério Silva.

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