RICARDO DELLA COLETTA E FÁBIO PUPO – BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

Em uma crítica ao ministro Onyx Lorenzoni (Cidadania), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta quinta-feira (23) que a antecipação da segunda parcela do auxílio emergencial de R$ 600 foi anunciada sem autorização.

Na segunda-feira (20), Onyx e o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, divulgaram em coletiva no Palácio do Planalto que os beneficiários da ajuda destinada a informais impactados pela crise do novo coronavírus receberiam o pagamento antes do previsto. Segundo disseram na ocasião, os depósitos passariam a ser feitos a partir desta quinta (23). Originalmente, o cronograma previa os pagamentos da segunda tranche a partir de 27 de abril.

No entanto, o governo voltou atrás nesta quarta e disse que seguiria o cronograma original. O comunicado da desistência foi feito pelo Ministério da Cidadania, que disse que a decisão foi tomada por causa do alto número de informais cadastrados e por uma recomendação da CGU (Controladoria-Geral da União).

Respondendo a uma internauta no Facebook, que lhe havia perguntado se o auxílio emergencial tinha sido cancelado, Bolsonaro responsabilizou Onyx.
“Nada foi cancelado. Um ministro anunciou sem estar autorizado, que iria antecipar a segunda parcela. Primeiro se deve pagar a todos a primeira parcela, depois o dinheiro depende de crédito suplementar já que ultrapassou em quase 10 milhões o número de requerentes. Tudo será pago no planejado pela Caixa”, respondeu o mandatário.

Ao justificar o cancelamento da antecipação, o Ministério da Cidadania afirma que, com alto número de trabalhadores solicitando apoio, será necessário um crédito suplementar para poder atender a todos. O pedido para a suplementação já foi enviado ao Ministério da Economia, diz a pasta.

“Em virtude disso, por fatores legais e orçamentários, pelo alto número de requerentes que ainda estão em análise, estamos impedidos legalmente de fazer a antecipação da segunda parcela do auxílio emergencial”, afirma o ministério, em nota.

Inicialmente, o governo calculou uma necessidade R$ 98,2 bilhões para pagar o auxílio e uma MP (medida provisória) foi editada com esse valor para criar o crédito adicional. Depois, integrantes do governo passaram a dizer que o valor poderia não ser suficiente.

O Ministério da Cidadania informou que já foram transferidos R$ 31,3 bilhões à Caixa para atender a população, sendo que ainda serão avaliados cerca de 12 milhões de cadastros para a primeira parcela.

“Após a definição da suplementação orçamentária a ser feita pelo Ministério da Economia, iremos completar o atendimento da primeira parcela e anunciar o calendário de pagamento da segunda parcela do auxílio emergencial no mês de maio”, afirma a Cidadania.

Apesar do anúncio da antecipação, boa parte dos beneficiários não recebeu sequer a primeira parcela e há relatos de trabalhadores esperando pelo depósito mesmo após terem sido aceitos no programa.

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