Ednéia Silva
O atentado terrorista contra a revista Charlie Hebdo ocorrido na última quarta-feira (7) em Paris repercutiu em todo o mundo. O ataque matou 12 pessoas, entre as quais cinco caricaturistas, e deixou 11 feridas. Em entrevista ao JC, cartunistas de Rio Claro lamentaram o atentado.
O artista gráfico, cartunista e professor universitário, Camilo Riani, disse que qualquer tipo de atentato é um choque e algo a ser repudiado. Mas quando os ataques são direcionados a uma luta assumida contra a ditadura, opressão e extremismo, a situação preocupa. Ele destaca que os alvos não foram militares, e sim cidadãos comuns, com o objetivo de intimidar a atitude crítica.
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Riani comenta que a linguagem do humor é feita pelo exagero. Sem exagero não existe humor, porque o trabalho seria outro tipo de arte. “O humor denuncia com exagero as nossas imperfeições e os nossos defeitos se contrapondo à ideia falsa de que somos perfeitos”, afirma. Portanto, o atentado é injustificado.
“Se a ideia é amenizar e desestimular o olhar crítico, está acontecendo o oposto”, declara. O cartunista observa que até mesmo o papa Francisco, figura constante na revista Charlie Hebdo, divulgou nota de repúdio ao ataque terrorista que, segundo ele, fere a liberdade de expressão.
O cartunista Denilson do Carmo Fontanetti também se diz chocado com o incidente. “Um crime acontecer por causa de uma piada demonstra o atual grau de intolerância da humanidade”, disse. Entretanto, ele afirma não ser adepto de assuntos que se destacam por criar polêmica. “Acredito que a piada só pode ser considerada engraçada quando gera sensação de riso, inclusive para quem é ‘tirado’. Caso contrário, vira um objeto de ofensa e mágoa. Brincar com quem não sabe brincar é perigoso. Pode ser encarado como algo desrespeitoso. Infelizmente”, diz.
O clima de tensão continua em Paris. Nessa quinta-feira (8), uma policial foi morta por um atirador que atirou a esmo na parte sul de Paris. Além disso, locais de manifestação de fé muçulmana foram atacados em diversas regiões do país. A polícia francesa montou uma operação de guerra para capturar os autores do atentado com a participação de 3.000 policiais.