Como muitos pais, Giselle comprou o equipamento há um ano e meio, na Rua 25 de Março, região central de São Paulo, e pagou na época R$1.200 pelo produto importado da China. Com a chegada do Dia das Crianças, vem crescendo a procura pelo hoverboard, vendido muitas vezes como “brinquedo”. O que aumenta a preocupação com a segurança.
A questão não é nova – nem só brasileira. Há três anos, a Comissão de Segurança de Produtos de Consumo americana emite avisos de recall para empresas fabricantes de hoverboard, por considerá-lo inseguro. O motivo: as baterias têm risco de incêndio. As advertências americanas atingiram um total de 520 mil unidades vendidas até 2017 no país.
A organização, porém, não faz um registro dos casos de explosão das baterias, apesar dos problemas relatados na internet. As queixas levaram a Amazon a devolver dinheiro de consumidores e a suspender entregas – como no Brasil, grande parte dos modelos vem da Ásia e é comprado via web.
O comerciante Glenon Gomes, vendedor da Galeria Pagé, observa a necessidade de seguir rigorosamente o manual do produto. “Ele tem capacidade para carregar uma pessoa de até 120 quilos. A bateria de lítio deve ser conectada na tomada por no máximo duas a três horas. Se passar desse tempo, o equipamento pode realmente explodir”, destacou, ressaltando vender até 30 equipamentos do gênero por dia.
Não é brinquedo
A Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), por sua vez, não reconhece o skate elétrico como brinquedo. O presidente, Synesio Batista da Costa, afirma que o produto deveria ter controle rigoroso, principalmente na parte elétrica e eletrônica, e cabe aos importadores a responsabilidade sobre a procedência do produto. “Estamos convivendo com esse problema e os importadores desses equipamentos não estão preocupados com as explosões que estão acontecendo. A única possibilidade para não ocorrer o pior é pais, parentes e tios não comprarem mais.”
O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) informou que o skate elétrico não tem o selo de segurança do órgão. O órgão destaca que produtos movidos a eletricidade usados por uma criança somente são considerados brinquedos ao atingir uma velocidade máxima de 8 km/h. O hoverboard atinge 10 km/h. No Reino Unido, por exemplo, o equipamento é considerado meio de transporte e, por motivo de segurança, o usuário deve ter habilitação de motorista e fica proibido de usá-lo em calçadas.
Mas não há só relatos desfavoráveis. Eduarda Avian, de 12 anos, ganhou há dois anos um skate elétrico dos pais. O equipamento também foi comprado na região da Rua 25 de Março e nunca apresentou problemas. “Ganhei de presente de Natal. Foi uma festa, andava quase todos os dias. Hoje ando menos, mas o skate funciona muito bem, nunca apresentou problemas.”
Caso pontual
Alexandre Garide, proprietário da Smart Balance Brasil – importadora de hoverboard da China – diz que a explosão do equipamento é pontual. “Pode ser por causa da fabricação da bateria, pode ser por um fio que não foi bem encaixado, pode ser pelo excesso de tempo conectado na tomada. Em quatro anos de atividades, nunca tivemos um caso. Tomamos cuidados com o que trazemos.” Mas Garide faz um alerta: quem quer comprar o hoverboard deve procurar informações, casos antecedentes, pesquisar se tem reclamações do produto e verificar se o importador cumpre com todas as responsabilidades.
Prevenção
Para se prevenir contra incêndio seguido de explosões, o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Marcos Palumbo, sugere que, ao ter as baterias recarregadas, o aparelho fique exclusivamente em uma única tomada, longe de tapetes, cortinas e sofás. “Caso o aparelho pegue fogo, o ideal é retirá-lo rapidamente da tomada. Em hipótese nenhuma jogue água no equipamento, principalmente se estiver ligado à tomada.”
Segundo Palumbo, se isso ocorrer em um apartamento, “há a opção de ir ao hall do prédio e pegar um extintor de pó químico e jogar no skate elétrico”. “Se for em casa, corra e pegue o extintor de incêndio. Se houver dano maior, rapidamente chame os bombeiros.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo