Da Redação
Na semana em que se celebra o Dia de Finados, o Café JC conversou com Ricardo Dutra (PT), diretor de Administração Funerária. Dutra ocupa o cargo desde 2009 que, antes da reforma administrativa, era chamado de diretor de Próprios Municipais.
Também participou do bate-papo a assessora Isabel Cristina Monteiro (PMDB). A entrevista foi realizada pelos jornalistas Antonio Archangelo e Ednéia Silva.
Jornal Cidade – O que mudou com a criação da Diretoria de Administração Funerária?
Ricardo Dutra – A medida diminuiu a burocracia. Antes a diretoria cuidava de cinco setores e agora são apenas três: Velório Municipal, Cemitério São João Batista e Funerária Municipal. Estamos centralizando o atendimento dentro do Velório Municipal. A administração do cemitério já funciona no local e estamos preparando a transferência da funerária. O objetivo é facilitar o atendimento. A pessoa que vai tratar do sepultamento pode fazer tudo no mesmo ambiente, documentação, processos, pesquisas e obter outras informações.
JC – Se uma pessoa morre e a família não possui túmulo, como é feito o sepultamento?
Dutra – O município disponibiliza as gavetas que podem ser utilizadas por três anos. Esse é prazo legal para que as sepulturas sejam abertas após um enterro. Vencido o prazo, a família é informada. Os restos mortais são exumados, colocados em um saco de exumação e entregues para a família ou colocados no ossário. A utilização pode ser feita por qualquer pessoa, e não apenas por famílias de baixa renda. De 2009 a 2012 foram construídas mais 100 gavetas e são cerca de 14 mil túmulos. As gavetas também foram retiradas do muro do paredão. Agora estão dentro do cemitério.
JC – O Cemitério Municipal está superlotado?
Dutra – Não temos sepulturas para venda, mas não falta espaço porque o prazo de uso das gavetas vai vencendo. A cadas três anos os ossos são exumados e as gavetas são liberadas. Numa sepultura familiar, se morrem duas ou mais pessoas da família dentro de três anos, é preciso enterrar em outro local, já que a legislação determina prazo de três anos para abertura dos túmulos.
JC – Qual a parte mais difícil de administrar neste ramo?
Dutra – Tem muita coisa a ser feita. Quando assumi a direção não estava muito legal. Mudamos o escritório para o velório e estamos tendo muitas pesquisas de cidadania italiana. Temos muitas dificuldades porque os arquivos estavam desorganizados e tudo está em papel. Tem livro de 1800, 1900. Muita coisa se perdeu porque foi destruída pelo tempo ou comida por insetos. Estamos cadastrando todos os dados das certidões de óbitos. O que tem é a falta de informação, muita coisa se perdeu.
JC – Você acha que Rio Claro precisa de um outro cemitério público?
Dutra – Acho que no futuro será necessário, porque a população está crescendo. Hoje essa carência é suprida pelos cemitérios particulares. É um assunto a ser discutido.
JC – O cemitério tem uma parte tombada?
Dutra – Achei documentos antigos e me parece que não tem tombamento. Existia um estudo para tombar algumas sepulturas, mas não foi pra frente. Estamos mais preocupados com a parte de cadastro. Neste ano já foram feitos mais de 350 cadastros. A pessoa vai com o nome e já podemos informar o local onde está o túmulo.
JC – Como funciona em relação às sepulturas antigas sem uso da família?
Dutra – A cessão de uso das sepulturas é perpétua e só pode ser passada entre os membros da família. O túmulo não pode ser vendido porque é uma concessão. Temos problemas com abandono porque a manutenção dos jazigos não é responsabilidade apenas da prefeitura, mas também dos proprietários. Muita gente vem ao cemitério somente no Dia de Finados. Os jazigos também precisam de manutenção.
JC – Quais são as sepulturas mais visitadas?
Dutra – As três mais visitadas são da Abigail, conhecida como a Mulher de Branco, do boiadeiro e do Pai Benedito. No dia a dia não há muitos visitantes. Os dias com maior visitação são Finados, Dia das Mães e Dia dos Pais. Nos demais dias do ano, os visitantes são de gente que vai fazer algum serviço, como lavadeiras de túmulos e construtores. Na semana de Finados o cemitério recebe mais de 40 mil pessoas.
JC – Quais os cuidados em relação à dengue e à proliferação de insetos? Ainda existe contaminação por necrochorume?
Dutra – Os funcionários estão orientados e estamos pedindo para as pessoas não levarem vasos com embalagens plásticas. O cemitério é dedetizado três vezes ao ano. Eu não vejo problemas das baratas saírem. Mas as pessoas colocam restos de comida e lixo na calçada do cemitério e isso atrai os bichos para fora. Nos dias de maior visitação, esse problema é minimizado. Acredito que problema com necrochorume não deve ter, porque estamos priorizando o sepultamento acima do nível. Antes, tinha mais sepultamento no solo.
JC – É favorável à verticalização das sepulturas?
Dutra – A ideia da verticalização é boa, mas a proposta não foi discutida com a gente. Tem que avaliar, pois tem sepultura muito antiga que não aguenta.
JC – Se houvesse mais recursos, o que faria?
Dutra – Pensaria um pouco mais na parte do patrimônio histórico, na proteção das esculturas mais antigas. A administração já está pensando em monitoramento para o próximo ano para aumentar a segurança. Hoje ainda acontecem furtos de vasos, imagens religiosas, portão etc. As invasões geralmente acontecem em época de festas.
JC – Você acha viável a instalação de um crematório municipal?
Dutra – Pela questão ambiental, eu acho que sim. Até mesmo por uma questão de receita que pode gerar para o município.