Chanceler Raul Fernandes - uma escola para nunca esquecer

Favari Filho

Chanceler Raul Fernandes - uma escola para nunca esquecer
Chanceler Raul Fernandes – uma escola para nunca esquecer

Levantamento realizado pela reportagem do Jornal Regional revela que a fundação do Chanceler ocorreu em 1963, quando implantado o Ginásio Vocacional Chanceler Raul Fernandes de Rio Claro, que fazia parte de um projeto novo de educação e que contemplou, além da Cidade Azul, os municípios de São Paulo, Americana, Batatais, Barretos e São Caetano do Sul. Atualmente, existe uma razoável literatura sobre o ensino vocacional, além de frequentes encontros organizados por ex-alunos no intuito de preservar a memória do método de educação que durou até o ano de 1969 no Brasil.

Entretanto, o Chanceler continuou a ser uma grande escola, tanto em dimensão quanto na forma de ensino e, duas décadas depois, a EEPG Chanceler Raul Fernandes viveu um momento áureo com os famosos vestibulinhos, cursos técnicos e uma infinidade de alunos, que acompanharam a transformação mundial impulsionada pela ciência e tecnologia – ocorrida a partir dos anos 1980 – nos corredores e salas dos antigos laboratórios do colégio. Para relembrar um pouco o momento conversamos com o professor licenciado em História, Geografia e Pedagogia, Mario Aparecido Beinotti, que contribuiu durante quase uma década para a biografia do Chanceler.

Mario Beinotti atuava como professor efetivo na cidade de Limeira, no período de 1983 a 1986, quando foi convidado para assumir o cargo de vice-diretor do Chanceler. O até então educador apaixonado pela profissão ponderou sobre a proposta e aceitou exercer o novo ofício, para o qual dedicou o mesmo e inerente domínio pedagógico. “Cheguei ao Chanceler por transferência no ano de 1987 e fiquei como vice-diretor até 1989, quando assumi a direção da escola”, recorda.

Naquele momento de efervescência, com o fim da bipolaridade mundial e a queda do muro de Berlim, as eleições de 1989 – primeira em que os brasileiros puderam escolher o presidente –, o impeachment de Collor, além da popularização do computador – que mudaria para sempre a vida de todo o mundo – a escola contava com dois mil e quinhentos alunos e funcionava durante os três períodos com oitenta e seis classes diárias de 1ª a 4ª, de 5ª a 8ª e o Inciso (atual Ensino Médio), além de uma classe de pré-escola no período da manhã. Isso tudo sem contar os cursos profissionalizantes de Técnico em Contabilidade, Edificações, Enfermagem, Nutrição e Dietética e Processamento de Dados.

Mario Aparecido Beinotti foi diretor do Chanceler de 1989 a 1993
Mario Aparecido Beinotti foi diretor do Chanceler de 1989 a 1993

Mário é parte dessa bonita história que se construiu entre aluno-professor-escola e guarda na memória momentos inesquecíveis da instituição de ensino que já carregou o epíteto de ser a maior da América Latina. “Até hoje não acredito ter sido diretor dessa escola, com todo esse número de alunos, classes e mais cento e cinquenta professores, além de quase vinte funcionários administrativos. Contudo, o que eu mais admirava eram a dedicação e orgulho dos professores e funcionários pela escola”, destaca.

Um fato marcante que aconteceu algumas vezes durante a administração do ex-diretor foram as greves de professores. Mario relata que quando ocorriam era um problema, pois ficava entre alunos e professores pensando em como diminuir os déficits de ambas as partes. “Era muito difícil contornar as greves de professores e depois tinham as reposições de aulas que adentrava durante o período de férias, era muito ruim para todo mundo”, pondera.

Em 1993, Mario deixou a direção da escola e, logo, os cursos profissionalizantes também deixaram de existir no Chanceler e o colégio foi diminuindo em espaço, porém nunca em qualidade, pois mais de cinquenta anos desde a sua fundação, dedicados professores e funcionários ainda seguem adiante com o intuito de formar cidadãos. Analisando a atual conjuntura da educação brasileira, Mário mantém um mea culpa e acredita que algumas mudanças foram para melhor, além de necessárias, contudo o assunto ainda precisa ser muito discutido para que se chegue à excelência.

Aos setenta anos de idade duas palavras definem Mario Beinotti: dedicação e trabalho. Depois de se aposentar, o ex-diretor continuou exercendo diversas funções relacionadas à educação e a pedagogia e, atualmente, desempenha com nobreza o cargo de Agente Pedagógico na Fundação Casa de Rio Claro, instituição em que está vinculado há quase uma década.

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