RICARDO DELLA COLETTA, DANIEL CARVALHO E JULIA CHAIB
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

Diante do aumento da pressão do Exército para tentar se dissociar da gestão de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro divulgou uma mensagem em que defende o general e rebate as críticas de que existe uma militarização excessiva da pasta.

Segundo Bolsonaro, Pazuello é um “predestinado” e motivo de orgulho para o Exército.

O texto do presidente foi publicado em meio à crise aberta com as declarações do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), para quem o Exército, ao ocupar postos-chave na Saúde em meio à pandemia do coronavírus, está se associando a um genocídio.

“Quis o destino que o general Pazuello assumisse a interinidade da Saúde em maio último. Com 5.500 servidores no ministério, general levou consigo apenas 15 militares para a pasta. Grupo esse que já o acompanhava desde antes das Olimpíadas do Rio”, afirmou Bolsonaro.

“Pazuello é um predestinado, nos momentos difíceis sempre está no lugar certo para melhor servir a sua pátria. O nosso Exército se orgulha desse nobre soldado”, completou o presidente em suas redes sociais.

A fala de Gilmar ocorreu no fim de semana e causou irritação na cúpula militar, incomodada ao ver respingar em suas fardas as críticas do ministro do STF.

O Ministério da Defesa rebateu as declarações de Gilmar e, em nota co-assinada pelos comandantes das três Forças, falou em “acusação grave”, “infundada, irresponsável e sobretudo leviana”. A pasta também informou que entraria com uma representação na PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Gilmar.

O vice-presidente Hamilton Mourão, por sua vez, exigiu uma retratação de Gilmar.

Apesar do clima público de confrontação, Bolsonaro instruiu Pazuello a buscar um diálogo com o magistrado, na tentativa de reduzir a temperatura da crise.

Conforme antecipou a Folha de S.Paulo, o ministro interino da Saúde telefonou para Gilmar nesta terça (14) e lhe explicou as medidas que estão sendo tomadas no combate à pandemia e tratou das dificuldades que têm enfrentado.

Na publicação desta terça nas redes sociais, Bolsonaro também fez um resumo do currículo de Pazuello.

Disse que o general tem mais de 40 anos de experiência em logística e administração e que, nos Jogos Olímpicos de 2016, Pazuello e “sua pequena equipe foram convocados para a gestão da Logística Olímpica e Financeira na parte de Segurança e Defesa”.

“A competição foi um sucesso e elogiada no mundo todo”, afirmou o presidente.

Bolsonaro também destacou que, entre 2018 e 2020, Pazullo esteve à frente da Operação Acolhida, que dá apoio para venezuelanos que cruzam a fronteira com o Brasil em Roraima, fugindo da crise política e econômica que assola o país vizinho.

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