Valdira Guimarães Augusto
Foi com poucos recursos, mas com muita força de vontade, fé e união que a comunidade da Paróquia Nossa Senhora da Saúde superou todas as dificuldades e tornou realidade o filme “Estrela Luminosa – Vida e Milagres de Santa Beatriz da Silva”. O longa tem estreia neste sábado, dia 31, com sessões restritas a convidados às 9h e 10h30, no cinema do Shopping Rio Claro. O filme, mais uma obra dirigida por padre Antônio Sagrado Bogaz, pároco da Saúde, conta a história da Santa Beatriz da Silva, fundadora da Ordem das Irmãs Concepcionistas da Imaculada Conceição.
De acordo com Nanci Bissoli de Oliveira, assistente de direção, participaram do filme 158 pessoas, sendo 118 personagens e 40 membros das equipes. A maioria era de pessoas ligadas à comunidade da Saúde, além de pessoas de outras comunidades de Rio Claro, Piracicaba, Araçatuba e São Paulo. Todos voluntários e sem experiência profissional ‘em fazer cinema’, mas que, em um ato de fé e empenho, ultrapassaram os obstáculos e tornaram o filme possível.
Como recurso material, os aliados eram apenas uma câmera filmadora e uma iluminação precária. Porém, os voluntários eram munidos de muito amor e boa vontade.
“Ano passado, em uma conversa informal em que estava padre Bogaz, professor João, Janaína e eu, lembramos desse projeto e resolvemos colocá-lo em prática. Concluídas as gravações, que foram feitas em sete dias, deu-se início à edição do filme. Trabalho árduo que, após sua conclusão, resultou nesse filme maravilhoso, a que vale a pena assistir”, recorda Nanci.
Sobre as dificuldades, a assistente de direção salienta que as mesmas se tornavam irrelevantes cada vez que presenciavam a dedicação das pessoas. “Num trabalho em que a diferença social foi totalmente ignorada e todos tiveram espaço para participar, cada pessoa contribuiu com o melhor que pôde oferecer. Com isso, tivemos como resultado o sucesso na concretização de mais um projeto de evangelização. Que Deus abençoe a todos que se envolveram com tanta dedicação”, agradece Nanci.
O engenheiro e diretor do Grupo JC de Comunicação, Lincoln Magalhães, foi um dos que colaboraram com a produção de “Estrela Luminosa – Vida e Milagres de Santa Beatriz da Silva”. Ele destaca que pôde acompanhar todo empenho da comunidade na realização do filme. “Eu fui testemunha da força de uma comunidade. Eram poucos os recursos, mas muita fé e amor para que tudo desse certo, e deu! Eles superaram todas as dificuldades, a falta de dinheiro e produziram um filme lindo com uma história cativante e encantadora”, enaltece.
A esteticista Bruna Caroline Conduta, que no filme interpretou Santa Beatriz, destaca que esta foi a primeira vez que atuou em um dos filmes de padre Bogaz, já que antes auxiliava como maquiadora.
“Me joguei de cabeça no papel, deixei meu cabelo crescer, mudei a cor do cabelo e até da sobrancelha! Decorei todas as minhas falas e de vários outros personagens! Mas eu tinha muito medo de não dar certo, pois eu nunca tinha feito papel algum, mas quando começaram as filmagens eu fui relaxando, e tudo fluiu muito bem”, afirma Bruna. satisfeita.
Ela comenta ainda que sua filha, Maria Clara, também atuou no filme. A pequena interpretou o papel da menina Estela, que no filme é raptada por homens malvados. “Foi muito corajosa, já que as cenas que tinha que fazer eram noturnas e no meio do mato”, recorda entre risos.
Janaína Milene Zanfelice Covre ficou com a tarefa de interpretar a Rainha Isabel, de quem Santa Beatriz foi dama de companhia e acabou trancada, à época, em um estreito baú por ciúmes. “A Rainha Isabel não tinha um gênio muito fácil, e as cenas teriam que ser bem convincentes. Gostei muito do trabalho, adoro atuar, mas o melhor são as amizades e a satisfação das pessoas que trabalham. Só quem participa sabe o quanto isso é bom e quanto isso é de Deus!”, analisa Janaína.
Um dos responsáveis pelo cenário, José Silvio Govone destaca que tem participado de vários filmes junto à comunidade, seja auxiliando na equipe técnica ou atuando em algumas cenas. “No presente filme, atuo no papel de um frei que carrega uma pesada mala. É uma experiência muito gratificante pois, além do espírito evangelizador dos filmes, trata-se de um trabalho diferente do cotidiano, com o qual ganhamos novas experiências e conquistamos novos amigos”, afirma Govone.
Sueli Ap. Buciolli Muniz ficou responsável pelo figurino do filme, função esta que exige intenso trabalho de pesquisa de época.
“Não havia muito dinheiro para investir, então contamos muito com a doação de tecidos e, claro, criatividade. Desta vez, o desafio eram as roupas masculinas, com trajes do século 14. E tudo foi adaptado, mas o resultado final impressionou. O que mais me cativou é que, quando se faz um filme para falar de uma santa, também é uma forma de evangelizar e passar a mensagem de Deus. Todos se uniram buscando fazer o melhor, independentemente de terem experiência ou não. O que ficam marcadas para nossa comunidade são a união e a amizade que se faz. Foi muito gratificante”, ressalta Sueli.
Tiago Megale carrega consigo a experiência de teatro, pois cuida da direção artística e roteiro da Paixão de Cristo de Rio Claro. Porém, afirma que as dificuldades eram as mesmas de todas as outras pessoas que estavam participando. “O cinema é diferente de teatro, então tive algumas dificuldades, pois são outras preocupações. Mas gostei muito de ter participado, vivi uma nova experiência com a arte, conheci mais pessoas e, principalmente, conhecer a história de Santa Beatriz foi maravilhoso. Admirei muito o quanto as pessoas se dedicaram a este trabalho e como abraçaram esta causa com o padre. Eram recursos simples, mas que levaram a um resultado impressionante”, observa Megale que, no filme, atua no papel de Álvaro, pai da menina sequestrada, Estela.
A pensionista Elisabete Mastrichi Feijó, responsável pelos objetos de cena, relata que esta foi uma experiência única. “Nunca tive experiência com cinema e foi algo inexplicável, além disso conhecer a história das irmãs concepcionistas foi muito interessante. Não havia recursos financeiros, mas conseguimos tudo a partir da boa vontade de todos, pois é preciso se doar mesmo, de corpo e alma”, afirma Elisabete.
Acostumado à lida com agricultura, Moacir Wolf teve seu primeiro contato com uma obra cinematográfica. Mas isso não foi empecilho para sua estreia como ator. No filme, ele integrou a equipe de cavaleiros e destaca o empenho da comunidade para a realização do longa-metragem.
“Todos trabalharam unidos para que tudo desse certo. Foi muito bonito acompanhar esse trabalho e gostei bastante da experiência e oportunidade. O que eu puder fazer para ajudar em outras produções certamente estarei à disposição”, assegura o determinado agricultor.