Aos 20 anos, a modelo queniana Halima Aden tem uma história de superação e de quebra de barreiras. Ela nasceu no campo de refugiados do Kakuma, no Quênia e se tornou cidadã americana e embaixadora da Unicef. Ela também detém foi a primeira miss a desfilar usando um burquíni e a primeira modelo a desfilar nas semanas de moda de Nova York e Milão usando um hijab.
“Durante minha infância e adolescência, nunca vi revistas pintando mulheres muçulmanas de maneira positiva. Na verdade, se eu visse um artigo sobre alguém que se parece comigo, seria completamente o oposto”, conta ela para a Teen Vogue de agosto, publicação da qual é capa (ela também já foi a protagonista de revistas como Allure e Vogue britânica.
Antes dela nascer, sua família morava em um vilarejo que foi incendiado durante a Guerra Civil da Somália. Eles andaram 12 dias até chegarem ao campo de refugiados de Kakuma. Em 2004, quando Halima tinha 7 anos, se mudaram para os Estados Unidos, morando primeiro em St. Louis, no Missouri, e depois em St. Cloud, Minnesota.
Em 2016, ela se juntou a um grupo de estudantes somalianos para uma passeata contra a violência após um jovem de seu país esfaquear pessoas em um shopping em St. Cloud. (“É difícil porque, por ele ser somaliano, toda a comunidade teve que ir a público de desculpar e condenar seus atos.”)
Durante o ato, ela começou a brincar com um bebê que tentava tirar o seu hijab, o que foi fotografado e viralizou na cidade. Logo depois, ela participou do Miss Minnesota, usando um burkini Foi o bastante para atrair a atenção da mídia norte-americana e da lendária editora de moda Carine Roitfeld, que a colocou na capa da CR Fashion Book.
“Ela disse que me escolheu porque me achou linda, e nada mais”, conta à Teen Vogue. “Esqueça o hijab. Isso fez com que eu sentisse que posso ser eu mesma e isso basta.”
Depois, veio o contrato com a IMG Models – agência responsável pelas carreiras de Gisele Bündchen e pelas irmãs Hadid. Ela é a primeira modelo da empresa que tem uma cláusula no contrato sobre o uso do hijab. “Quando eu tive essa oportunidade, me certifiquei de que não estava me apagando. Nosso primeiro encontro durou quatro horas e fiz tudo em meus termos. Eles me apoiaram muito e sei que, em todos os meus trabalhos, as pessoas no set sabem o que eu posso e não posso usar”, conta no programa de TV CBS This Morning.
Mas, o que ela considera sua maior conquista até o momento, é ter sido nomeada embaixadora da Unicef. “Quando eu contei, ela começou a chorar. Foi a primeira vez na minha carreira de modelo que ela se sentiu verdadeiramente orgulhosa de mim” explica. “Como viemos de uma cultura diferente, ela não entende o real impacto de ser representada em uma capa de revista, mas entende eu trabalhar na Unicef.”