Alfredo Henrique – Folhapress

Criminosos estão se passando por outras pessoas em aplicativos de namoro e relacionamento para agendar falsos encontros, nos quais assaltam às vítimas.

Entre os dias 10 e 16 deste mês, ao menos três casos do tipo foram registrados pela Polícia Civil da capital paulista. Em um deles, o mais recente, a vítima morreu após tentar fugir.

Nenhum suspeito pelos crimes foi preso, e a polícia investiga a eventual relação entre os casos, todos ocorridos na zona norte.

Acreditando que iria se encontrar com uma mulher, um biomédico de 49 anos foi até a região de Jaraguá, onde estacionou seu Audi A4 prata, para aguardar a suposta paquera, na noite do último dia 10.

Uma câmera de monitoramento mostra que, às 19h55, dois criminosos se aproximam da vítima, no momento em que ela, já fora do carro, aparentemente faz uma ligação com o celular.

O aparelho é retirado das mãos do biomédico, de acordo com as imagens. Ele é acompanhado pela dupla até a porta traseira do veículo.

Em depoimento à polícia, a vítima afirmou que um dos criminosos estava armado, aparentemente com um revólver, usado para obrigar o biomédico a se sentar no banco traseiro, como também é mostrado pelas imagens.

Um dos ladrões assume o volante do carro, enquanto outro senta-se ao lado da vítima. Toda a ação dura cerca de um minuto, quando o carro é manobrado por um dos suspeitos.

Ainda em seu depoimento, o biomédico afirmou que os criminosos circularam por várias ruas da região, até que o deixaram em um matagal, com outros dois ladrões. Após isso, a dupla que abordou a vítima saiu com o Audi, para tentar utilizar os cartões bancários encontrados com o homem, mas sem sucesso.

Por causa disso, ainda segundo a vítima disse à polícia, os ladrões teriam a ameaçado de morte e agressão, mas sem concretizar as intimidações.

Por fim, ao perceberem que não iriam conseguir tirar dinheiro do homem, levaram seu celular, documentos e o carro, avaliado em R$ 76 mil, de acordo com a tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). O carro não havia sido localizado pela polícia até a publicação deste texto.

A vítima relatou ter sido deixada em uma trilha deserta, em local incerto, de onde caminhou até um ponto de ônibus, no qual conseguiu acionar a Polícia Militar, que prestou os primeiros atendimentos.

O caso foi registrado no 20º DP (Água Fria), porém, é investigado pelo 74º (Parada de Taipas), onde outro crime semelhante, em que um contador de 50 anos, de origem indiana, também foi vítima de um falso encontro.

Ele foi abordado por ao menos dois criminosos, conforme registrado pela polícia, quando estava em seu veículo, na marginal Tietê, por volta das 14h50 do último dia 13. A vítima não relatou o roubo de nenhum outro objeto.

Seu veículo, um Jeep Compass preto, foi localizado pela PM cerca de 20 minutos depois na Brasilândia. Não foram dados mais detalhes sobre o histórico do caso.

No caso mais recente de falso encontro, no último domingo (16), um homem de 31 anos, de origem coreana, também marcou um encontro por aplicativo, na Brasilândia.

Quando chegou à rua Paulo Garcia Aquiline, em vez da suposta mulher, ao menos dois suspeitos em uma moto o aguardavam. Ao constatar isso, a vítima acelerou, segundo a polícia.

Os ladrões atiraram e um dos disparos atingiu o homem na região da nuca. Ele perdeu o controle do carro, que bateu na fachada de um comércio. Os criminosos fugiram sem levar nada.

A vítima foi levada gravemente ferida para o hospital do Mandaqui, onde não resistiu ao ferimento.

O caso é investigado pelo 45º DP (Vila Brasilândia).

CUIDADO AO MARCAR ENCONTROS VIRTUAIS

O delegado Hélio Bressan, titular da Delegacia Seccional da zona norte paulistana, alerta para eventuais riscos ao se agendar um encontro com alguém pela internet.

“Uma pessoa não pode sair para um encontro com alguém [ainda desconhecido] em um lugar onde não conhece. Precisa também se atentar ao horário marcado”, afirmou.

O policial orienta para que primeiros encontros, principalmente com pessoas conhecidas por meio de redes sociais, devem ser marcados em locais movimentados, como áreas de alimentação de shoppings, padarias badaladas, ou mesmo em praças públicas, em horários de grande movimento de público.

A sua assinatura é fundamental para continuarmos a oferecer informação de qualidade e credibilidade. Apoie o jornalismo do Jornal Cidade. Clique aqui.

Mais em Segurança: